Após a pandemia da COVID-19, o trabalho passou por adaptações e um dos quesitos que recebeu ainda mais relevância foi a qualidade de vida. Segundo Monica Machado, psicóloga e fundadora da Clínica Ame.C, pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental, isso se deve ao fato de a pandemia e as suas consequências no universo dos negócios terem mostrado a necessidade de repensar e aprender a se desapegar de valores que já estão ultrapassados.
“Priorizar a qualidade de vida nada mais é do que se respeitar, tanto física quanto mentalmente, gerando boas condições para desempenhar suas tarefas profissionais e pessoais”, afirma a psicóloga. Para a psiquiatra Danielle H. Admoni, supervisora na residência da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM) e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), essa nova forma de pensar possibilita viver com menos pressão interna e mais equilíbrio emocional.
Reinventando os hábitos
Segundo um estudo da Universidade Duke, nos Estados Unidos, os hábitos são responsáveis por 40% da nossa rotina e das tomadas de decisões. Porém, uma pesquisa publicada na revista Biological Psychiatry mostrou que o estresse reduz a capacidade do indivíduo de lidar com adversidades.
“Claro que não existe uma fórmula universal que funcione para todas as pessoas, afinal, cada indivíduo é único e tem recursos e situações particulares. Mas, é possível se reinventar, elencar suas prioridades e fazer escolhas certas, sem correr riscos mal calculados em nenhuma das esferas de sua vida”, diz Danielle Admoni.
A seguir, as especialistas elencam 5 dicas para você mudar os seus hábitos e equilibrar trabalho e qualidade de vida. Confira!
1. Defina suas prioridades
A primeira pergunta a ser respondida é: o que eu quero alcançar na minha vida profissional e pessoal? A segunda é: quais são as atividades que eu exerço na minha rotina profissional e pessoal? “Liste as coisas que faz, os papéis que desempenha e analise sua agenda de compromissos para identificar onde seu tempo está, de fato, sendo empregado. Sem essa base de informações precisas, fica difícil estabelecer as prioridades”, diz Monica Machado.
2. Desista de querer dar conta de tudo
Segundo Danielle Admoni, saber delegar ou compartilhar funções é fundamental, caso contrário, é provável que a qualidade das tarefas fique comprometida, além de gerar uma exaustão desnecessária. “Defina o que pode ser feito por outras pessoas, o que só pode ser feito por você e elimine de vez tudo que só te faz perder tempo”, recomenda.
3. Saiba a hora de virar a página
A psicóloga Monica Machado explica que a superação passa por fortalecer nossas qualidades pessoais e agir diante das adversidades com foco em nosso poder de atuação. “É preciso cultivar um modelo mental com espaço para uma visão positiva da vida, entrar em contato com as emoções e avaliar se suas escolhas alimentam os problemas ou agem de forma coerente à solução que se busca”, afirma.
4. Respeite seu descanso
No modelo de vida atual, a quantidade de coisas que nós mesmos exigimos vai além do que se pode aguentar. E quando não damos conta de tudo, nos sentimos frustrados. Acorda no dia seguinte já se programando para fazer ainda mais e melhor. E a simples ideia de uma pausa se torna cada vez mais impensável.
“Como seria se você se permitisse fazer menos e incluir momentos de descanso em sua jornada? Períodos de desconexão são essenciais para o bem-estar. Esquecer um pouco o check-list, olhar para si e fazer algo que não esteja vinculado a responsabilidades, mas ao prazer, ao conforto que tanto lhe falta. Sua mente ficará mais descansada e até mais produtiva”, ressalta Monica Machado.
5. Tenha autocompaixão
O perfeccionismo e a autocrítica geram um círculo vicioso. Passamos a viver na ansiedade de uma vida e atos perfeitos, tentando nos proteger das situações capazes de expor nossos defeitos ao mundo. Quando entendemos que a perfeição não existe e nos acolhemos exatamente como somos, com o pacote completo, conseguimos nos perdoar, atuar com autocompaixão e pedir ajuda quando precisamos.
“Nos casos em que o esgotamento chegou ao limite, é fundamental buscar auxílio médico especializado para avaliação do quadro e orientação quanto ao tratamento. Especialmente no caso das pessoas cujas características de personalidade as tornam mais propensas ao Burnout, a psicoterapia é um complemento importante, pois o problema está, muitas vezes, dentro da pessoa, e não tanto em suas condições de trabalho”, finaliza Danielle Admoni.
Fonte: Jovem Pan.
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