O Brasil tem a maior e mais complexa rede de bancos de leite humano do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mesmo assim, nesta época do ano, os estoques de todo o país entram em situação crítica, já que as doações tendem a cair drasticamente. O alimento é considerado indispensável para a nutrição e desenvolvimento de bebês prematuros.
Suelen, mãe da pequena Maria Luiza, sabe da importância do leite materno para os recém-nascidos, e já chegou a doar quase 3 litros em uma semana. “Quanto mais estímulo, mais você tira o leite, mais você tem, mais produz. Não tem essa de que ‘vai faltar para o meu bebê’. Não, Maria Luiza está aqui enorme para provar que não tem problema de falta de leite”, ela argumenta.
O leite materno coletado, de casa em casa, pelas técnicas de enfermagem, segue congelado para um laboratório, mantido por uma empresa privada, em Itapevi, na Grande São Paulo. O banco de leite, no qual mais de 300 mães estão cadastradas, abastece 8 hospitais na região e na capital paulista.
O problema é que, nos últimos meses, o estoque está baixo. Segundo a coordenadora do centro, Sayonara Medeiros, a média, que costuma ser de 300 litros por mês, nesta época do ano, cai pela metade. “É necessário que mais mulheres, mesmo no período de férias, consigam fazer a doação para o banco de leite mais próximo, para que a gente consiga manter o abastecimento mínimo para esses bebês”, ela alerta.
A falta de doações atinge, principalmente, maternidades e hospitais públicos que contam com UTI Neonatal. Em uma unidade na cidade de Osasco, na Grande São Paulo, o estoque zerou no início do mês.
A ausência de leite materno coloca em risco, principalmente, a vida dos bebês prematuros, conforme explica a médica e coordenadora do banco de leite da maternidade Luciana Miguel. “O leite materno é único nas propriedades específicas para esse prematuro. Ele tem fatores de defesa do organismo, tem a quantidade de proteína ideal para esse ser, então, ele é o melhor alimento, não existe substituto”, afirma a pediatra.
Foi o caso de Lorena. Ela nasceu com 7 meses, pesando apenas 1 quilo e 800, e engordou graças ao leite que recebeu de uma doadora. “A gente fica feliz porque, se não fosse o leite doado, ela não iria mamar, porque eu não tenho leite”, conclui a Jessica, mãe da pequena Lorena.
Hoje, existem 227 bancos de leite no país. São 240 postos de coleta, segundo o Ministério da Saúde, o que transforma o país na maior rede de bancos de leite do mundo. Apesar disso, a quantidade armazenada só atende 60% dos bebês prematuros.
Por isso, o gesto de Suelen pode levar saúde para muitos outros bebês. “Felicidade de imaginar que o mesmo bem que o leite materno faz para minha filha está podendo ajudar outros bebês”.
Imagem: Reprodução, via SBT News.
Fonte: SCC10.