Fotos: Divulgação / Epagri
Uma comitiva de São Tomé e Príncipe esteve em Santa Catarina para conhecer técnicas de agricultura sustentável. Eles foram apresentados ao Sistema Plantio Direto de Hortaliças (SPDH), que foi desenvolvido por técnicos da Epagri. A comitiva internacional era formada por 12 pessoas: agricultores, técnicos e representantes do governo daquele país.
No dia 20 de maio a comitiva esteve em Florianópolis para uma palestra sobre SPDH, concedida pelo extensionista da Gerência Regional da Epagri em Florianópolis, Marcelo Zanella. Ele apresentou aos visitantes os princípios do Sistema, que prevê uma série de práticas conservacionistas, a principal delas a proteção permanente do solo com palhada, utilizando plantas de cobertura.
O SPDH serve como uma transição do sistema de produção convencional para o orgânico, reduzindo gradualmente o uso de agrotóxicos, até sua completa eliminação, ao mesmo tempo em que preserva água e solo.
No dia seguinte, os profissionais do país africano foram a propriedades rurais de Angelina e Anitápolis, municípios da Grande Florianópolis. Renato Guardini, extensionista da Epagri que acompanhou a comitiva, explica que em Angelina eles conheceram produção de chuchu em SPDH, já que, naquele país, essa cultura agrícola se concentra no autoconsumo familiar, sem escala comercial. Em Angelina o foco foi a produção de brássicas em SPDH, principalmente couve-flor.
Agricultura biológica
De acordo com Renato, os agricultores visitantes mostraram grande interesse no SPDH como um método viável para produção comercial de hortaliças. O extensionista da Epagri relata que os agricultores de São Tomé e Príncipe que vieram a Santa Catarina cultivam em lotes de no máximo dois hectares, cedidos pelo governo, onde praticam o que chamam de “agricultura biológica”, que prima por princípios de sustentabilidade ambiental.
A diretora de Agricultura e Desenvolvimento Rural de São Tomé e Príncipe, Ludimila Gomes, integrou a comitiva. Ela conta que o país fica localizado em uma ilha a 300km da costa africana, bem na linha do Equador, e produz cacau, café e pimenta, de forma biológica, em sistema agroflorestal, com objetivo principal de exportação. Também tem grande número de lavouras de inhame, mandioca, banana e milho, que formam a base da alimentação da população.
Em Anitápolis, a comitiva conheceu produção de chuchu em SPDH
A diretora destaca que a produção de hortaliças orgânicas é o maior desafio do país, já que grande parte ainda é feita de forma convencional. Ela destacou também a importância do intercâmbio com o Brasil, no sentido de conhecer políticas públicas que sirvam de modelo para alavancar o setor agropecuário em São Tomé e Príncipe.
Segunda visita
Esta é a segunda visita de uma comitiva de São Tomé e Príncipe ao Brasil organizada pela Oikos, uma Organização Não Governamental (ONG) portuguesa. Vanessa Costa, economista da Oikos, detalha que a ONG trabalha na conservação ambiental e aposta na criação de negócios rurais como meio de subsistência nas comunidades, para viabilizar a manutenção das florestas e o uso sustentável dos recursos naturais. A Etiópia é outro país do continente africano que mostra interesse em aplicar o SPDH. A Epagri já recebeu visitantes daquele país, bem como esteve lá capacitando equipes no tema.
As visitas ao Brasil fazem parte do Projeto Paisagem, desenvolvido pela Oikos em São Tomé e Príncipe. O objetivo é trazer agricultores, gestores públicos e técnicos daquele país para trocar experiências com agricultores e governo brasileiro, a fim de entender como funciona a agroecologia, a transformação e a comercialização de produtos agrícolas no território nacional.
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