O solo catarinense está prestes a receber uma revolução tecnológica e ética no setor alimentício. Com terraplanagem já em andamento, o Sapiens Parque, situado no Norte da Ilha, se prepara para abrigar o JBS Biotech Innovation Center, o primeiro centro de pesquisa do Brasil voltado à produção de proteína cultivada, comumente conhecida como “carne de laboratório”.
O projeto é capitaneado pela JBS, uma das maiores empresas de processamento de carne do mundo e uma entidade frequentemente associada a manchetes polêmicas no Brasil. De escândalos de corrupção a questões de desmatamento, a JBS caminha por uma trajetória tão complexa quanto seu país de origem, alternando entre contribuições econômicas significativas e controvérsias éticas.
Utilizando células coletadas de animais, essas são cultivadas em biorreatores em condições controladas, formando uma biomassa proteica. O produto final, de acordo com a JBS, não diferirá em qualidade, sabor ou textura da carne tradicional. Com previsão de lançamento para o segundo semestre de 2024, os primeiros produtos a chegar ao consumidor serão hambúrgueres, almôndegas e embutidos.
Segundo dados da World Resources Institute, o consumo de proteínas no mundo deve aumentar 70% até 2050. “Existe um apelo tanto ambiental quanto social para esta tecnologia. Reduzimos a emissão de metano e utilizamos menos terras”, comenta Eduardo Vieira, presidente do Sapiens Parque.
Mas nem tudo são flores. O maior desafio enfrentado atualmente é tornar o processo mais eficiente e economicamente viável. O projeto prevê um investimento de aproximadamente R$ 110 milhões apenas para a primeira fase, que engloba a construção e implementação dos laboratórios.
Além da iniciativa catarinense, a JBS investe em pesquisas na Espanha através da Biotech Foods. O projeto brasileiro, contudo, é mais ambicioso e poderá servir de modelo para futuras instalações globais. “Sem dúvida alguma, esse projeto se tornará uma referência internacional”, afirma Luismar Marques Porto, presidente da Divisão de Carne Cultivada e do JBS Biotech Innovation Center.
Fonte: Jornal Razão