Novos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 23, apontam um crescimento significativo no número de pessoas vivendo em domicílios com acesso à rede de coleta de esgoto desde 2010 até os dias atuais. Segundo o último levantamento do Censo 2022, esse número saltou de 52,8% para 62,5% da população. No entanto, mesmo com esse avanço, a disparidade persiste, especialmente entre pessoas pretas e pardas, que representam a maioria entre aqueles que ainda não têm acesso ao saneamento básico adequado.
De acordo com os dados, cerca de 69% dos que enfrentam problemas de saneamento básico são pretos e pardos, totalizando aproximadamente 33,6 milhões de pessoas. Estas pessoas se veem limitadas a soluções precárias de esgotamento sanitário, como fossas rudimentares, buracos, valas ou até mesmo corpos d’água naturais, sem contar com banheiros disponíveis. Isso corresponde a 24,3% da população brasileira, o que representa cerca de 49 milhões de pessoas.
O estado do Maranhão registrou o maior aumento na cobertura da coleta de lixo, com um crescimento percentual de 16,3 pontos entre 2010 e 2022. No entanto, ainda é o estado com a menor parcela de sua população, proporcionalmente, tendo acesso a esse direito, com apenas 69,8%. Enquanto isso, São Paulo se destaca como a unidade da federação com a maior parte de sua população atendida pela coleta de lixo, atingindo 99%.
Os dados também revelaram que 97,8% da população já possui acesso a pelo menos um banheiro exclusivo em seu domicílio. No entanto, cerca de 0,6% dos brasileiros ainda residem em locais desprovidos de banheiros, enquanto 0,5% precisam compartilhar um único local com outros domicílios.
Em relação ao esgotamento sanitário, as formas mais comuns incluem a “Rede geral ou pluvial” (58,3%) e a “Fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede” (13,2%), considerada adequada pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB). Por outro lado, 49 milhões de pessoas (24,3%) ainda recorrem a recursos precários, como fossas rudimentares ou buracos, para o saneamento.
As desigualdades também são evidentes quando observadas em recortes regionais, étnicos e etários. Por exemplo, o Sudeste é a região mais atendida pela coleta de esgoto, com 86,2% de sua população coberta por esse serviço, enquanto a região Norte possui a menor taxa de atendimento. Além disso, os jovens são os mais afetados pela precariedade no acesso ao saneamento básico, com 3,4% das crianças de 0 a 4 anos residindo em domicílios sem canalização de água, em comparação com 1,9% entre as pessoas com 60 anos ou mais.
Em termos étnicos, pessoas brancas e amarelas têm as maiores proporções de conexão às redes de saneamento e a presença de instalações sanitárias em seus domicílios, em contraste com pessoas pretas, pardas e indígenas, que enfrentam maiores desafios de acesso devido à distribuição regional desigual dos serviços de saneamento.
Segundo Bruno Perez, analista da pesquisa, essas disparidades estão diretamente ligadas à distribuição regional dos grupos étnicos, com uma maior presença da população preta, parda e indígena nas regiões Norte e Nordeste, onde a infraestrutura de saneamento é menos desenvolvida. Perez ressaltou também que os brasileiros brancos têm mais acesso a serviços de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo em todas as grandes cidades do país.
Fonte: GazetaBrasil