A Convenção Nacional Democrata está programada para começar em 19 de agosto.
Se o partido não se unir para apoiar um novo candidato, poderá preparar o cenário para uma convenção aberta pela primeira vez desde 1968.
Isso significa que os delegados decidiriam em quem votar. Os candidatos a liderar a chapa precisam das assinaturas de pelo menos 300 delegados (não mais do que 50 assinaturas vindas de um único Estado) para que o nome do concorrente apareça na cédula de votação.
Na sequência, há uma rodada inicial de votação entre os 3.900 delegados, que inclui eleitores considerados leais ao Partido Democrata.
Se nenhum candidato receber a maioria dos votos após esse primeiro turno, novas rodadas de votação são realizadas. Isso inclui a participação de superdelegados — líderes partidários e funcionários públicos eleitos — que votam até que um candidato seja escolhido.
Para garantir a indicação do partido, um candidato precisa de pelo menos 1.976 votos de delegados.
Como Kamala Harris aparece na disputa
A vice-presidente Kamala Harris, de 59 anos, é, neste momento, a melhor posicionada para substituir Biden na cabeça de chapa.
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Legenda da foto, Kamala Harris é a favorita no momento e já recebeu apoios importantes
Para isso, ela conta com o apoio do próprio Biden, que deixou isso claro na mensagem de desistência.
O ex-presidente Bill Clinton, que governou o país entre 1993 e 2001, e sua esposa Hillary Clinton, que concorreu contra Trump em 2016, também correram para apoiá-la.
Em uma declaração publicada no X (o antigo Twitter), eles disseram que “farão tudo que puderem para apoiá-la”.
Além disso, pelo menos 35 representantes democratas e 14 senadores expressaram apoio à campanha de Kamala Harris no domingo.
Entre eles estão Adam Schiff, candidato democrata ao Senado na Califórnia e aliado de Nancy Pelosi; Jim Clyburn, amigo de Joe Biden que elogiou a escolha de Harris como vice-presidente; e Ted Lieu, vice-presidente do Conselho Democrático da Câmara.
Ilhan Omar, uma democrata progressista de Minnesota, também apoiou Harris, assim como Jamie Raskin, de Maryland, que enfatizou a unidade partidária, Robert Garcia, da Califórnia, aliado de Harris 2020, e Val Hoyle, do Oregon.
A Associação de Comitês Democráticos Estaduais (ASDC) também anunciou que a “maioria esmagadora” dos 57 líderes estaduais do Partido Democrata era a favor de endossar Kamala Harris para substituir Biden.
À medida que aumentavam os pedidos para que Biden desistisse da corrida eleitoral nas últimas semanas, surgiram vários substitutos em potencial.
A governadora democrata de Michigan, Gretchen Whitmer, foi apontada como uma possível candidata, embora tenha afirmado que não consideraria concorrer se o atual presidente se retirasse da disputa.
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Legenda da foto, Gretchen Whitmer é muito popular e governa Michigan, um Estado importante
No domingo, minutos após o anúncio de Biden, Whitmer disse que faria tudo o que pudesse “para eleger democratas e deter Donald Trump”.
Outras opções incluem o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, e o governador de Illinois, JB Pritzker.
Alguns desses nomes poderiam ser considerados para o cargo de vice-presidente se Kamala Harris vencesse a indicação.
O secretário de Transportes, Pete Buttigieg, e o governador da Califórnia, Gavin Newsom, também apareceram como possíveis candidatos, mas são considerados menos propensos a concorrer, já que ambos publicaram mensagens de apoio à candidatura de Kamala Harris nas últimas horas.
Um fator que fortalece Kamala Harris é que ela já arrecadou recursos para a campanha.
A vice-presidente tem uma vantagem financeira significativa, com US$ 96 milhões de dólares disponíveis (R$ 538 milhões), o que a permitiria continuar a campanha sem interrupção.
Se outro candidato fosse escolhido, a situação financeira poderia se complicar, pois, em princípio, o dinheiro teria que ser reembolsado aos doadores — embora existam algumas alternativas, consideradas caras e problemáticas.
Uma opção viável seria transferir esses fundos diretamente para o Comitê Nacional Democrata, como o empresário e político Michael Bloomberg fez em 2020, ao fornecer apoio financeiro considerável ao então candidato Joe Biden.
Outra opção seria votar em um candidato bilionário, como o governador JB Pritzker, que poderia autofinanciar a campanha e igualar os recursos do rival republicano.
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Legenda da foto, Pritzker tem um patrimônio líquido de US$ 3,5 bilhões (quase R$ 20 bilhões)
Além disso, o comportamento de pequenos doadores será um fator crucial durante esse período de incertezas.
Embora um novo candidato possa gerar entusiasmo e atrair novas doações, também existe o risco de que a arrecadação de fundos diminua se o novo candidato se mostrar menos competitivo do que Biden.