O candidato do PSol à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, realizou um comício nesse último domingo, acompanhado do ex-presidente Lula e da ex-prefeita Marta Suplicy. O evento aconteceu na região do Campo Limpo, zona sul da capital paulista, reunindo centenas de apoiadores. Durante a cerimônia, chamou a atenção uma versão adaptada do hino nacional para a linguagem neutra.
Essa adaptação transformou o tradicional verso “Dos filhos deste solo és mãe gentil” em “Des filhes deste solo”, o que causou uma avalanche de críticas nas redes sociais. Usuários do X (antigo Twitter) alegaram que a mudança seria ilegal, citando a Lei nº 5.700/1971, que determina a execução do hino nacional de forma integral e respeitosa em qualquer situação.
Segundo essa lei, qualquer alteração na letra ou no arranjo vocal do hino nacional é proibida e o descumprimento pode acarretar multas, que são agravadas em casos de reincidência. Diante dessas críticas, Boulos se pronunciou defendendo a inclusão da linguagem neutra como um gesto de respeito à diversidade e à identidade de gênero de todos os brasileiros.
Polêmica com a Linguagem Neutra
O uso da linguagem neutra é um tema que frequentemente divide opiniões. Muitos veem a linguagem neutra como uma forma de inclusão, especialmente para pessoas não-binárias que não se identificam com os gêneros masculino ou feminino. Porém, outros acreditam que essa mudança desrespeita tradições e marcos culturais importantes, como o hino nacional.
Durante o comício, Boulos fez questão de abordar a importância de um discurso inclusivo: “Adaptar o hino nacional é uma maneira de mostrar que estamos atentos à realidade de todos. Respeitar é mais do que seguir normas, é acolher.” Contudo, as críticas não se limitaram à questão do hino. Muitos internautas também questionaram a legalidade dessa ação.
Qual é a Lei que Regula o Uso do Hino Nacional?
A Lei nº 5.700/1971 estabelece normas rigorosas para a execução do hino nacional brasileiro. Entre as exigências, a lei afirma que o hino deve ser executado integralmente e sem nenhum tipo de alteração na letra ou arranjo. Além disso, todos os presentes devem posicionar-se de maneira respeitosa durante sua execução.
O artigo 30 dessa lei ainda veda expressamente “a execução de quaisquer arranjos vocais do hino nacional”. As penalidades para o descumprimento podem incluir multas, e se a infração for reincidente, a penalidade é agravada.
Como Boulos e Aliados Respondem às Críticas?
Boulos, ao lado de Lula e Marta Suplicy, afirmou que as críticas fazem parte de uma tentativa de desestabilizar seu movimento, que busca modernizar e diversificar a política local. Segundo Boulos, a inclusão e o respeito às minorias são pilares fundamentais de sua candidatura.
Adaptar o hino nacional foi uma decisão simbólica para reforçar seu compromisso com uma sociedade mais justa e igualitária.
Marta Suplicy destacou a necessidade de avançar em questões de inclusão e respeito à diversidade.
Lula pontuou que a inclusão é um valor democrático essencial e que precisa ser defendido em todos os espaços.
Debate Sobre o “Bolsonarismo” em São Paulo
Aproveitando o comício, Boulos criticou seus adversários na disputa pela prefeitura de São Paulo, nomeando especificamente o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o candidato Pablo Marçal (PRTB) como “duas faces do bolsonarismo”.
Boulos chamou a atenção para a necessidade de derrotar esses oponentes, da mesma forma que, segundo ele, a sociedade brasileira derrotou Jair Bolsonaro há dois anos. Essa retórica visa mobilizar eleitores jovens e progressistas que acompanharam as eleições presidenciais de 2022.
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