Um levantamento feito pela Sociedade Brasileia de Radioterapia (SBRT), divulgado no mês de abril, mostrou que mais de 4 mil catarinenses não terão acesso ao tratamento de radioterapia para o combate do câncer, na rede pública de saúde. Para especialistas, a falta do procedimento pode causar até uma possível progressão da doença.
O foco da pesquisa da SRVT era mapear o panorama do tratamento oferecido pelo SUS em comparação com a Saúde Suplementar. Ele apresenta dados, não só de pacientes, mas também da disparidade de acesso às tecnologias, defasagem da tabela de remuneração, ausência do serviço em alguns estados e a má distribuição de aceleradores lineares.
Atualmente, Santa Catarina conta com 17 máquinas para teleterapia para atender 11.329 pacientes, uma média de 666 casos por máquina. Os dados, no entanto, não apontam quantos equipamentos de braquiterapia estão disponíveis nos hospitais catarinenses.
Em Santa Catarina, 23.760 pacientes necessitam do tratamento este ano. Porém, a estimativa é de que 4.106 não consigam recebê-lo.
Se levar em conta os últimos 15 anos, cerca de 60 mil catarinenses deixaram de receber o tratamento pelo SUS. Em todo o país, a estimativa é de mais de 1 milhão de pessoas, o que teria causado a morte direta de mais de 110 mil.
“Aproximadamente 70% dos casos vai precisar da radioterapia. Quando ela é utilizada, em 80% dos casos. a intenção é curativa. Agora, se não tiver acesso ao tratamento, o paciente vai buscar outras formas, que as vezes são menos eficazes, mais custosas, além de sofrer mais com efeitos colaterais ou uma possível progressão da doença”, explica o radio-oncologista e presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), Marcus Simões Castilho.
Outra questão apontada pelo especialista é o tempo no tratamento. Isto porque a falta da modernização dos equipamentos pode aumentar o período do procedimento o, que consequentemente, também reflete no número de pacientes contemplados com a terapia.
Questionada sobre o número de pessoas que aguardam o tratamento em Santa Catarina, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) afirmou que 762 pessoas estavam na fila de cirurgia oncológica até 1º de maio. Para garantir o tratamento a todos os catarinenses, a SES citou que realizou forças-tarefas de atendimento para diminuir a fila de espera. Ainda disse que segue a legislação que estabelece 60 dias para início do tratamento para câncer e 30 dias para realização de exames em casos suspeitos.
Em nota ao Bom Dia Brasil, da TV Globo, desta terça-feira, dia 2, o Ministério da Saúde disse que “retomou o diálogo e ações para ampliar e aumentar o investimento na oferta de radioterapia no SUS”.
A radioterapia é um tratamento em que são utilizadas radiações ionizantes para destruir células de um tumor ou impedir que elas se multipliquem. Na maioria dos casos, ela traz a cura para a pessoa, além de contribuir para a melhoria na qualidade de vida. Ela pode ser feita de duas formas: teleterapia ou braquiterapia.
Fonte: NSC