A crise do leite, que vem sendo alvo de alertas de entidades agropecuárias de SC nos últimos meses, motivou o governo federal a buscar medidas de incentivo a produtores do setor leiteiro.
O presidente em exercício Geraldo Alckmin determinou em reunião nessa terça-feira (19) a criação de um grupo interministerial para definir ações de auxílio ao setor do leite, com foco especial na agricultura familiar. A composição da equipe ainda será definida por decreto, mas contará com ao menos nove ministros, como o da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, da Fazenda, Fernando Haddad, o próprio Alckmin (Indústria, Comércio e Serviços).
A ideia central é estabelecer uma política nacional do leite. As primeiras ações sinalizadas pelo governo federal seriam uma política de subvenção temporária para o leite, em razão da crise atual, e uma linha de crédito para cooperativas do setor. A oferta de opções de financiamento para produtores locais tem sido uma reivindicação de entidades da agropecuária catarinense.
A intenção do governo é que as novas ações se juntem a alguns gestos já feitos nas últimas semanas, como uma elevação nas alíquotas de importação de parte de derivados de leite de fora do Mercosul, ampliadas para 18%, e de produtos como queijos e manteigas (que tiveram a tributação estendida de 10,8% a 14,4% nas importações).
— A produção do leite é hoje o setor mais importante da agricultura familiar. É fundamental que o governo se debruce em medidas estruturantes para fortalecer a produção leiteira, aumentar a produtividade da cadeia, a renda dos produtores e manter essa importante atividade para o país — afirmou Alckmin sobre o tema, em material de divulgação do governo.
Situação gera alerta em SC
Quarto maior estado produtor de leite do país, Santa Catarina tem feito alertas sobre dificuldades enfrentadas por propriedades familiares catarinenses.
A crise do leite em SC tem como principal fator o aumento na importação de leite e produtos lácteos de países vizinhos, como Argentina e Uruguai. Segundo números de entidades do setor, esses dois países respondem por 91,5% do leite comprado de fora do Brasil.
O custo menor de produção do leite nesses países e a valorização do real frente ao dólar seriam pontos que teriam estimulado a compra direta de supermercados e distribuidores catarinenses e brasileiros de produtos lácteos dos países do Mercosul.
Segundo dados da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as importações desses produtos no país cresceram mais de 200% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. O ritmo é considerado o maior da série histórica, com 1,4 bilhão de litros trazidos de países vizinhos desde o início do ano.
O resultado tem sido uma redução nos preços pagos aos produtores, que já chega a cerca de 30% em comparação com os valores de agosto do ano passado. Como consequência, produtores rurais adeptos da agricultura familiar estariam desestimulados a continuar no ramo, o que poderia comprometer até mesmo a continuidade da vida no campo. O Estado, que já teve 75 mil propriedades rurais com atuação no setor leiteiro na década de 1990, hoje tem por volta de 24 mil propriedades.
Em nova nota com alerta sobre as dificuldades do setor leiteiro divulgada na segunda-feira (18), a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou propostas para ajudar os produtores rurais a lidar com a situação. Entre elas estão a criação de uma linha emergencial de crédito rural, a autorização da renegociação e prorrogação de contratos de crédito já firmados para produtores que tenham sido prejudicados com a queda dos preços, e a oferta de opções para capital de giro a produtores que não pretendam vender o produto no momento atual de baixa nos preços.
Fonte: NSC
