A guerra entre o grupo terrorista Hamas e Israel completa duas semanas. Até o momento, milhares de pessoas morreram no conflito, incluindo três brasileiros. Especialista alerta que efeitos da guerra também podem ser sentidos na economia do Brasil.
Entenda a guerra em Israel
O Hamas lançou um ataque sem precedentes por terra, água e ar contra Israel no dia 7 de outubro. Os terroristas invadiram pelo menos 14 localidades no sul de Israel e fizeram reféns.
O ataque foi lançado durante o feriado judaico de Simchat Torah e um dia depois do 50º aniversário da Guerra do Yom Kippur entre Israel e países árabes. A ação parece ter pegado as Forças Armadas de Israel de surpresa, indicando uma falha dos serviços de inteligência do país.
Em resposta, Netanyahu declarou estado de guerra, convocou reservistas e ordenou bombardeios contra a Faixa de Gaza. “Estamos em guerra. Esta não é uma operação simples”, declarou o premiê, afirmando que o Hamas “pagará um preço sem precedentes”.
Consequências globais
O historiador da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Sidnei José Munhoz, explica que a geopolítica de países de fora da região do Oriente Médio também pode ser afetada drasticamente na guerra entre Hamas e Israel.
“Embora seja um conflito localizado, ele possui reverberações globais. Além disso, também pode se estender pela região, caso outros atores se envolvam de uma forma mais direta no conflito. Observe, por exemplo, que o presidente dos EUA teve audiências canceladas durante sua viagem pela região, em uma clara demonstração de descontentamento de lideranças regionais com a postura dos EUA de sempre proteger Israel. Isso pode complicar um pouco a geopolítica regional”, afirma o especialista.
Na quinta-feira (19), o governo dos EUA (Estados Unidos da América) emitiu um alerta urgente e global de segurança para cidadãos norte-americanos no exterior. O comunicado pedia que a população ao redor do mundo ficasse vigilante sobre possíveis ataques terroristas.
Brasileiros vítimas da guerra
Ao todo, até o momento, três brasileiros tiveram mortes confirmadas em função da guerra: Karla Stelzer, de 42 anos; Bruna Valeanu e Ranani Glazer, ambos com 24 anos.
Efeitos da guerra na economia do Brasil
Segundo o especialista Sidnei Munhoz, o Brasil se empenhou na tarefa de salvar vidas, mesmo entendendo que a possibilidade de um acordo seria “praticamente impossível”. Para ele, os efeitos mais drásticos na economia também não devem ser sentidos imediatamente.
“Por ora, as ressonâncias do conflito ainda serão pequenas por aqui. No entanto, se o conflito se expandir, isso poderá afetar o mercado do petróleo e de outros ativos e, em decorrência, poderemos ter ressonâncias mais globais do conflito”, aponta.
Segundo a nota mais recente divulgada pelo MRE (Ministério das Relações Exteriores), nesta sexta-feira (20), o sétimo voo de repatriação de brasileiros saiu de Tel Aviv no início da tarde, com 69 passageiros.
“A lista de passageiros inclui três bolivianas (duas menores de idade e sua mãe), em atendimento à solicitação do governo da Bolívia. O voo pousará no Rio de Janeiro no início da tarde de sábado (21)”, diz a nota.
O informativo diz ainda que as cidadãs estrangeiras foram “incluídas no voo” depois das autoridades terem “constatado o não comparecimento de passageiros brasileiros”.
Pelo menos 30 brasileiros continuam na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito aguardando a abertura da passagem de Rafah, única saída para civis na zona de conflito.
Fronteira com Gaza: o que é a passagem de Rafah?
A passagem de Rafah fica localizada entre o sul de Gaza e o Egito e, neste momento, é o único acesso fronteiriço – e uma espécie de rota de fuga mais segura – para que civis possam sair da área de guerra com menos riscos.
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O acesso é mantido sob fiscalização rigorosa de Israel e do Egito em relação à quantidade de pessoas e itens que entram e saem. Isso ocorre desde 2007, período em que foi imposto o bloqueio após a tomada de poder pelo Hamas.
A passagem foi bombardeada pelos ataques de Israel e por isso foi trancada depois que a guerra começou. Sem permissão para seguir, não é possível retirar civis e nem enviar suprimentos de ajuda humanitária pelo lado do Egito.
Fonte: ND+