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Fenômeno El Niño causa prejuízos na agricultura e deve impactar setor até 2024

Relatório da FAO mostra que as previsões para o primeiro trimestre do próximo ano são de mais chuva do que o habitual

O fenômeno climático El Niño vai durar pelo menos até o primeiro semestre de 2024, de acordo com relatório e últimas previsões da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Chuvas anormais em toda a América Latina devem aumentar os temores para o setor agrícola em Santa Catarina, que teve ao menos 46.991 propriedades rurais afetadas pelas fortes chuvas que atingiram o Estado apenas neste mês de outubro, segundo dados apurados pela Epagri/Ciram.

As previsões da FAO para o primeiro trimestre de 2024 mostram mais chuva do que o habitual. O relatório, acessado pela agência britânica Reuters na última quinta-feira (19), ressalta também que a agricultura, que inclui plantações, pecuária, florestas e pesca, é particularmente vulnerável ao fenômeno, dado que o setor pode absorver 26% das perdas econômicas durante condições climáticas extremas e até 82% durante a seca.

O documento mostra que a influência do El Niño e os padrões climáticos opostos da La Niña em 2023 tiveram impacto em toda a América Latina na produção de culturas essenciais como o trigo, o arroz e o milho, que são altamente dependentes de matérias-primas.

Em Santa Catarina, as maiores perdas na agricultura causadas pelas chuvas de outubro deste ano estão nas lavouras temporárias, com destaque para o fumo, o trigo e a cebola, seguidas pelas lavouras permanentes e as benfeitorias. As regiões mais afetadas foram o Alto Vale de Itajaí (15.284 propriedades), Planalto Norte (10.233 propriedades) e Planalto Sul (3.730 propriedades), de acordo com a Epagri.

Ainda de acordo com o levantamento, também foram registrados prejuízos com animais, máquinas e equipamentos, horticultura, estoque, leite, pastagem e pomar.

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O órgão informou que todos esses dados servirão de base para o Governo de Santa Catarina construir propostas de políticas públicas para recuperar ou amenizar as perdas dos produtores rurais, visto que as erosões e alagamentos nas lavouras farão com que algumas áreas necessitem ser replantadas.

Chuvas de outubro em SC e prejuízos à agricultura
Os totais de precipitação mais elevados em outubro deste ano, que chegaram a 465 milímetros em algumas regiões, apenas na primeira semana do mês, deixaram mais da metade dos municípios catarinenses em situação de emergência. Fruticultura, horticultura, pecuária e piscicultura foram as atividades mais afetadas.

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— Alguns prejuízos ainda não são possíveis de serem estimados, como é o caso de doenças causadas nas plantas pelo excesso hídrico, perda de produtividade pelo atraso do plantio ou da colheita, perda de peixes de cultivo que tiveram açudes perdidos, erosão, dentre outros — explica Dirceu Leite, presidente da Epagri, sobre as condições que prejudicam o armazenamento

As áreas já semeadas, onde ocorreram chuvas intensas, ventos fortes e quedas de granizo, sofreram perdas significativas de solo e nutrientes, afetando o desenvolvimento inicial, a uniformidade e o desempenho das culturas. As frutas, por exemplo, sofrem ainda pela falta de insolação, devido a longos períodos com dias nublados, que afeta a coloração, o crescimento e o sabor dos alimentos.

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Na pecuária, o excesso de chuva causou alagamentos e enxurradas, o que resultou em registros de transbordamento e de rompimento de viveiros e açudes, com perda total de produção em alguns casos.

Confira dados de atividades agropecuárias afetadas pelas chuvas em SC
Segundo dados do Observatório Agro Catarinense de 2021, Santa Catarina conta 30.749 produtores de peixes, sendo 2.259 comerciais.
Já a bovinocultura é uma atividade praticada por mais de 100 mil famílias no Estado. Destas, 23,3 mil são produtoras de leite e aproximadamente 30 mil são produtores de bovinos de corte, além de um grande contingente de agricultores que possuem bovinos exclusivamente para autoconsumo.

*Na atividade leiteira, os excessos de chuvas têm influência sobre a produtividade das vacas, ocasionando perdas na ordem de 10% a 15% na produção de leite, principalmente nas semanas de grande intensidade de precipitação. Muitas famílias estão sendo afetadas pelo excesso de chuvas, que prejudicaram a infraestrutura de transporte, derrubaram pontes e danificaram estradas. Há relatos de leite sendo jogado fora por falta de capacidade de coleta, segundo a Epagri.

*No Planalto Sul, onde se concentra a maior parte da produção de maçã, as chuvas estão prejudicando a floração e a polinização, o que poderá diminuir a produtividade média das lavouras, além de, potencialmente, provocar a entrada de doenças.

  • Fonte: NSC

 

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