Os eleitores da Argentina vão às urnas neste domingo (19) para eleger o novo presidente do país. O segundo turno das eleições argentinas reúne o atual ministro da Economia, Sergio Massa (Unión por la Patria) e o economista ultraliberal Javier Milei (La Liberdad Avanza), que disputam um mandato de quatro anos. No primeiro turno, Massa teve uma vantagem de 36,6% contra 29,9% dos votos válidos sobre Milei.
Não bastasse a crise financeira, a Argentina passa também por um cenário político polarizado. Diante disso, há um interesse internacional quanto ao resultado, inclusive por parte do Brasil.
Contexto: o interesse brasileiro nas eleições argentinas não é de se estranhar, visto que as relações entre Brasil e Argentina vão além da rivalidade esportiva. Como explica Roberto Goulart Menezes, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Coordenador do Núcleo de Estudos Latino-Americanos, a partir da década de 1985, houve um período de maior aproximação entre as nações, uma vez que ambas atravessavam o processo de redemocratização após violentas ditaduras.
Daí em diante, a diplomacia brasileira-argentina “sempre foi de cooperação”, nas palavras de Gilberto Maringoni, professor de relações internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC) e coordenador do Observatório de Política Externa Brasileira (OPEB). A fim de exemplificação, os docentes citam a data de 30 de novembro, instituída como o “Dia da Amizade Argentino-Brasileira” quando os presidentes Raúl Alfonsín e José Sarney, em 1985, selaram o tratado que lançou a ideia de integração econômica e política entre os países.
A partir disso, em 1991, há a criação do Mercosul (Mercado Comum do Sul), bloco econômico com Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela (suspensa) e estados associados como Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname.
Impacto econômico: soma-se ao contexto histórico-social, a questão econômica, uma vez que a Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, ficando atrás somente de China e Estados Unidos. Enquanto para o país vizinho, a bandeira verde e amarela representa também seu maior parceiro comercial.
Os “hermanos” são também um dos maiores fornecedores de produtos aos brasileiros. Dessa forma, é mais interessante ao Brasil que a Argentina tenha uma economia forte. “A Argentina é, dentro do cenário sul-americano, central para qualquer iniciativa brasileira”, explica Andrea Ribeiro Hoffman, professora do Instituto de Relações Internacionais da PUC-RIO.
Fonte: SCC10