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Com 5 tornados em menos de 1 mês, CEO da ONU Brasil diz que cenário pode piorar em SC

Santa Catarina é afetada pelos eventos climáticos extremos. Só para se ter uma ideia, segundo a Defesa Civil do Estado, somente em novembro foram cinco tornados registrados.

Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil, diz que a tendência é que a situação piore. O executivo deu uma entrevista exclusiva para o portal ND+ durante o primeiro dia do ESG Summit Brazil, que começou na manhã desta terça-feira (21), em Florianópolis.

Pereira ressalta que o Estado, e todo o mundo, passam por previsões preocupantes.

“A gente tinha um ou outro tornado, mas cinco é uma coisa inédita. Portanto, não estamos mais falando em mitigação à mudanças climáticas ou eventos extremos, eles já estão acontecendo. O que estamos discutindo é a nossa sobrevivência e adaptação em meio à eles”, ressalta.

Ao lado de Pereira estava Marcelo Gasparino, VP do Conselho de Administração da VALE, que concordou com o executivo. Segundo Gasperino as mudanças climáticas passam também por pensamentos sobre a importância das mudanças de matriz energéticas.

Mudanças climáticas, tornado e Santa Catarina

Painel falou sobre “Para onde caminha o mundo, caminham os negócios” – Foto: Divulgação/Guilherme Santos/ND
“São as grandes empresas que têm capacidade econômica de viabilizar alguns projetos que são disruptivos no sentido de fazer a transição de uma matriz hoje mundial fóssil para uma matriz energética limpa. Hoje, o Brasil tem um grande potencial”, explica.

Segundo o administrador, a energia brasileira é essencialmente limpa, o que é imprescindível ao pensarmos em mudanças climáticas. Isto porque a matriz da energética brasileira vem 80% da geração hidrelétrica, eólica ou solar.

“A gente tem ainda alguma coisa de geração a gás mas nós não temos mais geração a carvão. Isso nos mostra que estamos anos luz à frente de muitos países que foram expostos após a guerra na Ucrânia por conta do uso de combustíveis fósseis”, explica.

As soluções e problemas apresentados pelos executivos, fazem parte da ideia do evento, que busca dar soluções para um futuro mais verde e a criação de empresas mais sustentáveis.

O que é ESG?

ESG refere-se a critérios ambientais, sociais e de governança usados para avaliar o desempenho sustentável das empresas. O “E” aborda práticas ambientais, o “S” trata de questões sociais, e o “G” refere-se à governança corporativa.

Investidores utilizam esses critérios para avaliar a responsabilidade e sustentabilidade de uma empresa, além de considerações financeiras. Empresas com boas práticas ESG buscam equilibrar aspectos financeiros com responsabilidade social e ambiental. Essa abordagem tornou-se crucial à medida que a conscientização sobre questões ambientais e sociais cresce.

Brasil pode mais, mas faz muito

Carlos Ferreirinha, fundador da MCF Consultoria e ex-Presidente Louis Vuitton Brasil, foi o terceiro painelista do dia. Com o tema “ESG como pauta protagonista na gestão de marcas”, o gigante apresentou alguns problemas e soluções para o mercado brasileiro.

“O Brasil é um grande país de commodities. Somos o maior produtor de café, de laranja e de lingerie e não temos uma marca com reconhecimento internacional”, pontua.

Segundo o profissional, marcas como Havaianas, Farm e Granado, por exemplo, até possuem mercado fora do país, porém é no Brasil onde seu maior público é encontrado.

“Isso parece inacreditável para quem está de fora, mas temos este potencial”, conta.

O executivo terminou sua palestra fazendo um grande apontamento:

“As empresas precisam ser mais gentis com as comunidades, olhar para as pautas de ESG e para o entorno dos seus negócios. Precisamos cuidar das pessoas que trabalham com a gente para que elas tenham ambientes melhores. Hoje, os funcionários estão explodindo emocionalmente”, pontua.

Descarbonização

O evento tratou ainda de um importante fenômeno, a descarbonização. Ou seja, a redução de carbono dentro de pequenas, médias e grandes empresas. Para este painel foram convidados Alexandre Navarro – VP Fundação Mangabeira, Pedro Saad – Embaixador da ODS 17 do Pacto Global da ONU, Glauco José Côrte – Vice-Presidente da CNI, Eduardo Porciuncula – Head da Verdera / Votorantim Cimentos, Felipe Tavares – Economista Chefe da CNC, e a mediadora Naiara Augusto – Risco e Compliance SCGÁS.

Na discussão, ficou claro que a descarbonização é o processo-chave na luta contra as mudanças climáticas. Isso significa, na prática, que é preciso mudar para fontes de energia mais limpas, como solar e eólica, e adotar práticas que removam ou capturem o carbono da atmosfera.

Setores-chave, como transporte, energia e indústria, estão cada vez mais focados em estratégias de descarbonização para cumprir metas globais de redução de emissões, como as estabelecidas no Acordo de Paris. Essas ações são cruciais para um futuro sustentável e para enfrentar os desafios climáticos que o mundo enfrenta.

O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, disse que a indústria está intimamente ligada com as mudanças climáticas.

“Imaginem, por exemplo, que as ondas de calor que chegaram em novembro chegando em agosto. Como as indústrias de ar-condicionado vão se preparar para toda essa demanda?”, questiona.

Já Alexandre Navarro, VP Fundação Mangabeira, destacou a posição catarinense em meio aos impactos climáticos.
“Santa Catarina sofre recorrentemente com as mudanças climáticas. E isso vai piorar. Para Florianópolis e todas as cidades litorâneas precisamos pensar também que o nível do mar vai subir. Ao crescer 1.5m é importante lembrar que não vai adiantar engordar praias, precisamos de novas tecnologias para fazer isso. Essa crise existe em todo o país”, conta.

Para Glauco José Côrte – Vice-Presidente da CNI, o Brasil tem uma posição única no mundo e se diz, mesmo com as mudanças, seguro com o futuro do Brasil.

“Temos uma posição invejável por conta da nossa floresta. O Brasil vai investir nisso. Vamos continuar mantendo 48% de matriz renovável. Temos 12% da água doce do mundo. Temos 20% da biodiversidade do mundo. Precisamos de uma mobilização mais intensa do setor privado e do setor público”, diz.

Comprando redução de carbono

Você sabia que é possível comprar a sua redução de carbono? Essa é a ideia da Moss. A Moss. Earth é uma fintech brasileira focada em créditos de carbono. Através de sua plataforma, tanto pessoas quanto empresas, incluindo grandes marcas como Gol Linhas Aéreas, iFood, Hering e Reserva, têm a oportunidade de comprar tokens de crédito de carbono.

Essa iniciativa permite que elas compensem suas emissões de gases de efeito estufa, demonstrando um compromisso com práticas mais ecológicas.

No site da empresa é possível calcular, na hora, quanto de carbono você emite e, depois, fazer esta compra de crédito.

“Essa é uma lógica financeira para que haja um incentivo. Isso serve basicamente para que o proprietário de terra possa manter a sua propriedade em pé, manter a floresta em pé, e assim a sua diversidade na sua comunidade”, conta Cláudia Backes, COO da empresa.

O organizador do evento

Lucas Martins, fundador da ESG Summit Brazil, diz que é uma honra trazer o evento para Florianópolis. Segundo ele, é importante tirar discussões como estas do eixo Rio-São Paulo e trazer para Santa Catarina o ecossistema sustentável.

Para o próximo ano, já são esperadas duas datas para o evento, que inclusive, deve vir mais uma vez para Florianópolis.

Os tornados e as mudanças climáticas

O evento, que abordou muito as mudanças climáticas, acendem um novo alerta em Santa Catarina, o de cinco tornados em menos de um mês no Estado. A informação foi divulgada pela Defesa Civil ainda nesta terça-feira (21).

O quinto tornado do estado foi registrado na madrugada de sábado, no Sul catarinense, causando danos significativos em Balneário Gaivota e Sombrio. O fenômeno foi resultado de um forte temporal associado à formação de uma frente fria e um sistema de baixa pressão no Paraguai, combinados com calor e umidade da região amazônica.

Tornado em Santa Catarina

Imagens do radar meteorológico e análises de danos confirmaram a presença e trajetória do tornado entre Sombrio e Balneário Gaivota.

O primeiro tornado ocorreu no dia 6 de novembro, em Cunha Porã (Região Oeste), o segundo no dia 11 de novembro em Tubarão, no Litoral Sul, o terceiro ocorreu no dia 16 em Itá (Meio-Oeste) e o quarto, no dia 18, pela manhã, em Urupema no Planalto Sul.

Fonte: WH3

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