No sábado (23), um ator vestido como Jesus Cristo, com coroa de espinhos e ensanguentado, sentou-se no terminal Padre Pelágio, em Goiânia (GO), de frente para uma cadeira vazia e ao lado de uma placa com a frase “sente-se comigo”. A iniciativa fez parte de uma ação para promover a encenação Paixão de Cristo – A Experiência, que acontecerá na Sexta-feira Santa (29), no santuário basílica Sagrada Família, na mesma cidade. Várias pessoas pararam para se sentar com “Jesus”.
“Foi uma dessas experiências que nunca mais vou esquecer na minha vida”, disse à ACI Digital o ator Geann Francesco Toni.
O vídeo com registros da ação no terminal Padre Pelágio teve grande alcance nas redes sociais e já conta com mais de 700 mil reproduções.
“O vídeo aparenta que as pessoas estavam muito emocionadas, mas acho que eu estava mais emocionado”, disse Geann Toni. “Eu estava refletindo sobre isso e parece que, naquele momento lá, eram conversas tão profundas, como se fossem segredos, mas sem palavras, só pelo olhar”.
O ator disse ter sentido “a necessidade das pessoas de receber um olhar, o olho no olho”. “Senti que as pessoas não estavam sendo olhadas e estavam sedentas por carinho, amor, por ser acolhidas. Só de segurar na mão e fazer um carinho na mão da pessoa, a pessoa se abria, sem falar. Muitas não falaram nada, só sentiram. E, da minha parte, não falei nada, só ouvi, porque estava no papel só de ser instrumento”, contou.
Geann destacou que estava com uma maquiagem imitando o sangue de Jesus e, mesmo assim, as pessoas não se importaram ou se preocuparam de que poderiam “se sujar”. “Elas se jogaram, abraçaram, deram a mão e se sujaram com a maquiagem, mas não tiveram nenhum problema em se entregar naquele momento”, disse.
“Acho que nunca vou esquecer os olhares que recebi e o sentimento de que as pessoas precisam ser olhadas, precisam de atenção”, completou.
Segundo a diretora do espetáculo da Paixão de Cristo, Jéssica Moraes, a ideia surgiu a partir de uma mudança adotada neste ano em relação à encenação, ao acrescentarem a expressão “A Experiência”. “Este ano, passamos a ser Paixão de Cristo – A Experiência. Falamos que nunca é só teatro e assumimos isso nesse reposicionamento, convidando as pessoas a viverem essa experiência, entenderem esse mistério da Paixão de Cristo”, disse.
No espetáculo, contou, “o público é conduzido através de uma narrativa a, o tempo todo, pensar como seria essa cena, esse personagem nos dias atuais e a se colocar no lugar”. “Falamos fala o tempo todo de parar essa correria do cotidiano, onde estamos tão no automático, e olhar para Cristo”, acrescentou, ressaltando que “daí foi onde surgiu a ação de irmos para o terminal”.
A ação durou cerca de uma hora e 15 minutos. “Foi uma ação simples, na verdade, mas muito profunda. A intenção era fazer as pessoas pararem da correria do dia a dia e olharem para o Cristo pobre e crucificado. Teve uma frase que nos acompanhou durante o processo que é: ‘O mal da humanidade é o esquecimento da Paixão de Cristo’. E, quando a gente leva esse Jesus pobre e crucificado para o terminal onde as pessoas estão passando correndo, o impacto que gerou delas pararem e olharem para ele foi grande”, disse.
Além do ator, a ação contou com a presença de outras “pessoas que estava ali para interceder e para acolher as outras pessoas”. “Teve gente que ficou muito emocionada com a ação, então, tivemos esse olhar para essas pessoas”, disse.
Fonte: ACIDigital
Foto: Divulgação
