O caminhoneiro Mateus Souza de Xanxerê, Oeste de Santa Catarina, está ilhado em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, por conta das fortes chuvas que atingem o estado gaúcho. Ele chegou na segunda-feira (2) na região e não sabe quando conseguirá sair do local.
O morador do bairro São Jorge relata que está na profissão há mais de 10 anos e nunca tinha passado por essa situação. “Não temos a certeza de nada, é um sentimento de impotência. Não sabemos se vamos para um lado ou para outro e não tem como deixar o caminhão aqui”, explica.
Ele está parado na RS-412 com mais cerca de 40 caminhoneiros. “Graças a Deus a gente tinha bastante comida no caminhão e o povo está dando suporte para nós”, conta.
Porém, alguns motoristas não possuem a caixa de cozinha e contam com a ajuda da comunidade e dos colegas. “O pessoal traz marmita e água para a gente”.
Mateus seguia a rotina normal, ele carregou o caminhão com farelo em Lagoa Vermelha e descia com a carga no estado do gaúcho. “Descemos na segunda. Na terça-feira nos deparamos com essas situações”, relata.
Primeiras informações
As primeiras informações eram um pouco desencontradas e as rodovias começaram a ficar bloqueadas. Mateus chegou em Sinimbu, um dos municípios mais afetados pelas chuvas.
O caminhoneiro ficou preso no município durante a terça-feira (30) e na quarta-feira (1º) a serra foi desobstruída. Porém, ele estava sem internet, sem luz e não tinha mais informações sobre as outras cidades. “Chegamos em Santa Cruz, não sabíamos que o local estava pior ainda”.
A distância entre a cidade catarinense de Xanxerê, onde Mateus mora, e de Santa Cruz do Sul, onde ele está ilhado, é de cerca de 430 km.
Caminhoneiros ilhados
Ele conta que vários caminhoneiros estão ilhados na rodovia. A ponte para Santa Maria e a ponte para Lajeado caíram e a estrada que vai para Rio Pardo teve erosão e “a água levou”, conta Mateus.
Voltar para Sinimbu não é uma opção e o caminhão está carregado, então pode patinar nas estradas repletas de terra. “Não para de chover um minuto desde segunda e o pessoal não consegue mexer nas estradas, pois o tempo não dá trégua”, afirma.
O Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública válido por 180 dias. “O que vemos aqui é muito triste. Há pessoas presas no interior, pois as pontes caíram, estradas sumiram e não tem como resgatar eles. É coisa muito triste”, completa Mateus.
Contato com a família
O caminhoneiro conseguiu contato com a família em Xanxerê apenas na quarta-feira à tarde. O sinal ainda não está bom, mas ele consegue mandar notícias. Mateus é pai de uma menina de três anos e de um menino de seis anos. “Mas com fé em Deus, vai dar tudo certo”, finaliza.