Há quase cinco anos, Josiane Seller viu sua vida mudar radicalmente ao sofrer um grave acidente doméstico na cidade de Chapecó, onde residia com uma amiga.
Ela tinha 28 anos quando sofreu queimaduras graves, de primeiro, segundo e terceiro graus, em 35% do corpo. Isso ocorreu depois que ela encostou, por acidente, um varão de cortina na fiação elétrica da rua, através da sacada do apartamento onde morava.
“Sim! Eu fiz isso. Sabe aquele segundo de descuido?”.
O corpo de Josiane recebeu uma carga de 10 mil volts de eletricidade, causando lesões graves nos braços, pernas e barriga. A dor, segundo o que ela descreve, era inesquecível, insuportável.
“É inimaginável e não tem como explicar esse terrível choque que entrou pelas minhas mãos, percorreu todo o meu corpo e saiu pelos pés”, descreveu Josiane em seu livro “Juntas somos mais fortes”, publicado em 2023.
A empresária relatou que perdeu totalmente os movimentos dos braços quando o acidente aconteceu. O braço esquerdo, que sofreu as maiores lesões, chegou a pegar fogo, tamanha foi a descarga, quando ela deitou no chão gelado por estar fraca e debilitada.
Uma amiga que havia recém-chegado no apartamento, presenciou todo o caos e foi quem ajudou Josiane e acionou o Corpo de Bombeiros.
“Tenho certeza de que Deus a mandou lá, pois ela salvou a minha vida!”.
Internação
A jovem natural de Concórdia, no Oeste catarinense, não tinha dimensão do qual grave era o quadro de saúde quando deu entrada no Hospital Regional do Oeste (HRO). A única coisa que conseguia pensar era na dor insuportável que nem morfina conseguia acalmar.
Josiane permaneceu 48 horas em observação, tempo que, para ela, parecia uma eternidade.
“Os médicos diziam que eu poderia ficar com muitas sequelas, poderia fazer hemodiálise para o resto da vida, isso se meu rim ou coração não parecem nas próximas horas”, relata.
A família foi avisada sobre o acidente, mas também não fazia ideia da real situação dela.
Após quatro dias recebendo atendimento em Chapecó, ela foi transferida para um centro especializado para queimados na cidade de Lages, na Serra catarinense. A mãe de Josiane foi quem esteve 24 horas por dia ao lado dela, durante os mais de 20 dias de internação.
Recomeço
Quando a jovem deixou o hospital, o país já sofria com a pandemia da Covid-19. Josiane trabalhava com vendas em uma empresa multinacional americana, no setor de turismo e viagens, que foi bastante afetada. Em outubro de 2020, a empresa decretou falência e ela perdeu o trabalho.
“Vivi na pele e na alma aquele velho ditado, que precisamos, às vezes, nos perder, para realmente nos encontrar”, comentou.
Nesse período em que estava desempregada e em uma dura recuperação, Josiane se apegou muito em Deus, passando a ler livros e fazer cursos que agregassem conteúdo a sua vida.
“Quanto mais eu buscava a Deus e a mim mesma, mais pude começar a me sentir cheia de tudo quanto era bom e alegre. A presença do Senhor me tornava cada dia mais limpa, forte, consciente e resignada”.
A partir daí, ela começou a ver a vida de outra forma. Hoje, com muitas cicatrizes pelo corpo, que não a deixam esquecer o que aconteceu e de onde foi o ponto de partida para a fé e a coragem, Josiane leva para as pessoas a esperança e uma história de superação.
“Minhas cicatrizes me lembram a cada dia do Senhor, me conectando com a minha essência, com minha missão, tornando-me um canal de ajuda para milhares de vidas nesta Terra. O medo pode parar você, mas o amor certamente vai cessar todos os seus medos. A minha cicatriz é a sua coragem”, reflete.
Atualmente, Josiane Seller vive em Gramado (RS). Além de empreender, ela é palestrante e mentora de mulheres em vários estados do Brasil. Além de criadora do Método SELLER’MIND (treinamento de vendas), é idealizadora do evento “Por trás das cicatrizes”, um encontro que já reuniu mais de 350 mulheres que desejam uma transformação real de consciência, amor-próprio e intimidade com Deus.