Um adolescente, de 16 anos, morador de uma cobertura de luxo em Balneário Camboriú, no Litoral Norte catarinense, é suspeito de desviar dinheiro de doações ao Rio Grande do Sul. O adolescente foi alvo de uma operação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul na última sexta-feira (24) e é apontado como responsável por criar uma página de campanhas falsas de arrecadação de doações.
Durante a Operação Dilúvio Moral foram cumpridos três mandados de busca e apreensão em desfavor do adolescente. Na cobertura, foram apreendidos computadores, celulares e equipamentos eletrônicos que eram utilizados para praticar golpes. A ação contou com apoio operacional da Polícia Civil de Santa Catarina, através da DIC de Balneário Camboriú.
Como era feita a fraude:
A fraude consistiu na criação de uma página na internet simulando uma página oficial do Governo do Estado, alarmando a população de que se estaria diante do maior desastre da história do Rio Grande do Sul. A partir de então, a página redirecionava os usuários para uma nova página falsa, desta vez simulando o website “Vakinha”, em que se divulgava uma suposta campanha de arrecadação de doações. A página, inclusive, era impulsionada pelas redes sociais, a fim de atingir o maior número possível de pessoas.
Para dar aparência de licitude à página, o layout foi adulterado a fim de mostrar que a “campanha” já teria acumulado mais de R$2.700.000,00 (dois milhões e setecentos mil) reais. Na verdade, se tratava de um valor fictício, sendo mais um artifício para induzir o usuário a erro.
Na página simulada, era divulgado um QR Code, gerado por uma fintech de checkout (espécie de loja virtual), que permitiria o pagamento via pix. A partir de então, o valor da suposta contribuição era redirecionado da loja virtual para um gateway de pagamentos, que repassava o valor para o local indicado pelo golpista.
No caso, o valor era repassado para uma empresa de treinamentos e serviços, cujo menor era sócio proprietário. Assim, o valor era captado pelo golpista com aparência de licitude, uma vez que simulava a “venda” de um produto ou serviço oriundo de sua empresa.
Investigação do dinheiro desviado de doações ao RS
Uma vez identificada a fraude, a Força-Tarefa Cyber trabalhou imediatamente para retirada do ar de todas as páginas da internet, além do bloqueio de todas as contas bancárias vinculadas ao CPF e aos CNPJs do investigado. A partir de então, através de ferramentas tecnológicas de investigação, a Policia Civil atuou para identificação e responsabilização dos suspeitos.
Segundo apurado, o adolescente se apresenta nas redes sociais como “Dr. Money” e afirma ter atingido seu primeiros milhão aos 15 anos de idade. Além disso, o menor é sócio proprietário de duas empresas. O suspeito de montar o site para desviar dinheiro de doações ao RS também se utiliza da rede social para ostentar elevado padrão de vida, publicando fotos e vídeos em imóveis de luxo (um deles alvo da operação) e rotineiramente publica comprovantes de recebimento de altos valores oriundos de pagamentos realizados através de redes sociais.
Ainda na sexta-feira (24), a Força-Tarefa representou e foram deferidas ordens judiciais de bloqueio de valores de até um milhão de reais em cada conta de responsabilidade do suspeito e das empresas vinculadas.
“A partir de todo o conjunto probatório obtido na investigação, somados aos objetos eletrônicos apreendidos durante a operação, as investigações seguirão no sentido de buscar outros elementos de prova e também eventuais novos integrantes do grupo”, afirmou a Polícia Civil.
Da atuação da Força-Tarefa Cyber:
O grupo de Delegados e Agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) foi destacado com o objetivo principal de reprimir práticas criminosas virtuais que se utilizem da atual situação do Estado com o fim de obter vantagens de qualquer natureza, como desviar doações ao RS.
Até o momento, são mais de 60 casos já analisados pelo grupo, sendo que cerca de 70% já foram concluídos, ao passo que 29 inquéritos policiais foram instaurados e contam com diligências investigativas em andamento a fim de responsabilizar os identificados.
Dentre os casos analisados, preliminarmente já foi possível a retirada do ar de 71 páginas, contas e publicações criminosas, criadas com o fim exclusivo de induzir a erro a população em geral, o que impediu um enriquecimento ilícito de dezenas de milhares de reais.
Fonte: SCC10.