Por Bruna Binda, estagiária de jornalismo
As diferentes manifestações culturais de Xaxim encontram na figura de Ronei Lunardi uma história de inspiração. Avicultor, acorda todos os dias, com chuva ou sol, às seis horas da manhã para tratar sua produção de 12.500 frangos. Sábados, domingos e feriados não existem, todo dia ele segue a mesma rotina com amor. Já se passaram sete anos da morte de seu pai e em meio a 11 irmãos resolveu dar continuidade aos afazeres da figura paterna.
A avicultura sempre esteve presente desde sua infância. Mesmo pequeno precisava ajudar no trabalho de casa, na roça e a tratar as aves. Com o tempo foi aprendendo técnicas específicas para o manejo e tratamento de frangos até que que resolveu ingressar no negócio da família por inteiro. Hoje segue um caderno de normas que está guardado na escrivaninha, na sala em frente ao aviário.
Ronei não inicia suas atividades sem antes passar pelo banho gelado do jato de desinfecção e da ducha. Com o brilho no olhar explica que o vestiário é o primeiro passo para entrar no aviário devido ao cuidado com a segurança, tanto dos animais quanto do produtor. O tratamento da água que o frango ingere também é uma das atividades mais importantes para Ronei, ela precisa ser limpa para evitar doenças e caso necessitar, fazer a vacinação. Além disso, “a comida dada as aves são específicas para cada lote e é necessário deixar sempre a temperatura correta no ambiente”, conta.
A vida que Ronei, marido e pai de família estava vivendo ano após ano era o que sempre havia sonhado. Mas como diz o ditado: a vida nos prega peças. A Chapecó Avícola e depois mais tarde, a nova Diplomata faliram o que acarretou em muitas dificuldades financeiras na época de 2000 até 2005. Ronei, com muito esforço e dedicação, foi se reerguendo aos poucos, negociou vendas com novas empresas para sustentar a família e hoje é um dos maiores avicultores de corte de Xaxim.
O sorriso sempre estampado no rosto, parece que duplica quando conta que sua esposa Ana e seu filho Eduardo, ajudam a cuidar da herança da família. Mas não moram somente os três, Terezinha Lunardi, mãe de Ronei e Neuri Lunardi, irmão, também não quiseram trocar a vida no interior pela facilidade da cidade. Vivem os cinco no mesmo lar. Ana é responsável pelas atividades da casa e auxilia Ronei com os afazeres do aviário. Eduardo estuda de segunda a sexta-feira em outro município, mas nos finais de semana vem para casa para ficar com a família. Já a mãe,Terezinha, aos passos lentos de seus 85 cuida de Neuri de 52 anos que foi diagnosticado síndrome de Down quando nasceu.
Neste momento a emoção toma conta e deixa transparecer que não é somente a alegria que rodeia os dias da família. As dificuldades econômicas enfrentadas pela família no passado não são nada comparado com o que aconteceu no início de 2019.
Fazem dois meses que Neuri está de cadeiras de rodas, resultado da regressão de seu tratamento. Ele não consegue mais ir às aulas devido a dificuldade de locomoção. Mas quando perguntado se gosta das professoras e colegas da APAE, abre um grande sorriso.
Por mais difícil que a situação está sendo, Neuri fica feliz de ter a família sempre por perto cuidando dele em todos os momentos. “É muito triste ver ele desse jeito, novo e já em uma cadeira de rodas, cuidamos dele e rezamos todos os dias para que ele possa melhorar o quanto antes”, afirma Ronei.
Por mais que existam dificuldades. Ronei leva uma vida tranquila, sustenta a família com a sua produção de frangos.
Para sua alegria, seu filho está seguindo seu caminho. Eduardo tem 18 anos e estuda para ser técnico agrícola. O sonho dele é o mesmo de Ronei, seguir na profissão de avicultor e continuar os passos do pai. Para isso, todo final de semana ajuda Ronei com o manejo das aves, com sua experiência adquirida em sala de aula.“Quando ele se formar, vai ter mais experiência e alcançará o sucesso com menos dificuldades”, finaliza.