Em uma sessão histórica e angustiante do Tribunal do Júri, realizada na comarca de Caçador, no Meio-Oeste catarinense, um casal foi condenado a um total de 58 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato da própria bebê recém-nascida e pela ocultação do corpo. A audiência, que se estendeu por 17 horas, ocorreu na sexta-feira, 1º de novembro, e se estendeu até as primeiras horas do sábado.
Segundo a denúncia do Ministério Público, o crime brutal ocorreu entre os dias 1 e 6 de novembro de 2023. De acordo com os autos do processo, o casal asfixiou a criança utilizando intoxicação por álcool etílico, e, após a morte, tomou a drástica decisão de ocultar o corpo. Os detalhes chocantes do caso provocaram indignação e consternação entre os presentes no tribunal.
A investigação revelou que o assassinato foi cometido dentro da casa da avó paterna do réu. Após o falecimento da recém-nascida, o corpo da criança permaneceu sobre a cama do casal até o dia seguinte, quando o homem, em um ato desesperado, cavou um buraco na cozinha e enterrou o cadáver sob o piso, embaixo da geladeira.
O corpo da bebê foi encontrado em uma mochila, envolto em um saco plástico preto de lixo, ainda com o cordão umbilical e o bracelete de identificação da maternidade. Esses elementos reforçaram a evidência de que o crime ocorreu logo após o nascimento.
Durante as investigações, foi descoberto que a mulher havia ocultado a gravidez por medo de censura, um fator que, segundo as autoridades, influenciou a decisão de cometer o crime. O delegado responsável pelo caso informou que a mãe asfixiou a criança no trajeto do hospital para casa, com a anuência do marido. Ao chegarem em casa, enquanto a mãe se banhava, o marido buscava um local para esconder o corpo da filha.
A escolha do esconderijo foi embaixo do piso da cozinha, onde o homem retirou a geladeira, arrancou os pisos e fez um buraco, antes de reorganizar tudo para encobrir o ato horrendo. A família do casal não sabia da gravidez, e esse isolamento levou os familiares a buscarem ajuda e denunciarem o desaparecimento da mulher. Durante as investigações, foi revelado que o parto havia ocorrido sem o conhecimento dos familiares.
De acordo com a polícia, a recém-nascida era saudável e os documentos hospitalares do parto foram encontrados dentro da residência. Outro fator que contribuiu para a tragédia foi a incerteza do casal sobre a paternidade, já que o relacionamento havia sido reatado cerca de sete meses antes do crime.
A condenação do casal representa um momento de justiça em meio a uma das histórias mais trágicas e chocantes da região, deixando a comunidade em estado de choque e reflexão sobre a gravidade da violência e do abandono familiar.