Entre morros e trilhas desafiadoras, o ciclista Ricardo Pscheidt, de 44 anos, natural de São Bento do Sul, fez valer sua experiência ao completar uma das provas mais difíceis de mountain bike do Brasil, a Brasil Ride, realizada no interior da Bahia na última semana. Com um percurso total de mais de 550 quilômetros, a competição atraiu cerca de 500 competidores de alto nível mundial, e Pscheidt garantiu a 17ª colocação geral.
A Brasil Ride ocorreu entre 20 e 26 de outubro, com largada em Arraial d’Ajuda, um distrito de Porto Seguro. Durante os sete dias de prova, os participantes enfrentaram trechos diários que variaram de 19,7 a 137,4 quilômetros, com elevações que chegavam a impressionantes 2.670 metros. Para Ricardo, o desafio vai além do físico, envolvendo também uma exigente técnica de pilotagem.
— O mountain bike é como se fosse um motocross, mas de bicicleta. São muitas trilhas, e a dificuldade não é somente física, mas também técnica. Cada dia é um desafio, uma briga física e psicológica — explica o atleta.
Ricardo tem uma longa trajetória na competição, participando de todas as edições desde 2010. Ele destaca que, embora cada ano represente um desafio novo, o acúmulo de cansaço e as muitas subidas são constantes na competição.
Entretanto, a prova não foi isenta de dificuldades para o ciclista. Na etapa rainha, que apresentou o percurso mais desafiador com 101,2 quilômetros, Pscheidt sofreu uma queda que resultou em problemas mecânicos.
— Eu estava colado no top 10, mas tive um tombo que me fez perder o trocador de marcha da bicicleta. Concluí a etapa apenas com uma marcha, e só consegui consertar na oficina ao final do dia — contou Ricardo.
Ao todo, a competição incluiu etapas que variaram de Arraial d’Ajuda a Guaratinga, com distâncias e altimetrias desafiadoras. No último dia, o percurso finalizou de volta a Arraial d’Ajuda, marcando o encerramento de mais um ciclo na carreira do ciclista.
Trajetória e Conquistas
Natural de uma família humilde, Ricardo começou a competir aos 14 anos e conquistou o Campeonato Catarinense de MTB em 2003, além de vencer o título brasileiro em 2006. Sua carreira inclui participações em importantes competições internacionais, como Jogos Pan-Americanos e Mundiais, mas o maior arrependimento de Pscheidt é não ter conseguido uma vaga nas Olimpíadas.
— Em 2008, fiquei em segundo em uma única vaga. Em 2012 e 2016, novamente não consegui a classificação. Isso é algo que me deixa triste, mas não foi por falta de esforço — lamenta.
Em 2016, Ricardo contribuiu significativamente para que o Brasil garantisse duas vagas na prova masculina das Olimpíadas, e ainda teve a honra de conduzir a tocha olímpica em sua passagem por Santa Catarina.
— Andar de bicicleta é uma paixão, e gosto de competir por isso. Cada corrida é uma nova chance de explorar visuais incríveis e dar o meu melhor — conclui o ciclista, que continua firme em sua trajetória no mountain bike.