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Crescimento do setor de serviços pode impedir queda mais efetiva da taxa básica de juros

O setor de serviços brasileiro cresceu 0,6% no segundo trimestre e engatou o 12º dado positivo consecutivo. Com a última queda do segmento apurada entre abril e junho de 2020 (-9,7%), no auge da pandemia, a expansão significativa sinaliza um aumento de preços do ramo responsável por 70% do PIB (Produto Interno Bruto), o que tende a impedir cortes mais efetivos da taxa básica de juros nos próximos meses.

Após permanecer por um ano no maior patamar desde 2017, a taxa Selic caiu 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano, na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), realizada no início de agosto. Agora, o mercado financeiro prevê novas quedas dos juros básicos. O BC (Banco Central), no entanto, diz estar atento à trajetória dos preços.

Na ata da reunião que efetivou o primeiro corte da taxa Selic em três anos, os diretores da autoridade monetária afirmam que o recente comportamento da inflação de serviços foi debatido “de forma profunda”. “Notou-se que os indicadores desse segmento apontam para uma continuidade na trajetória de desinflação do período recente, a despeito de alguma oscilação em níveis ainda acima do patamar compatível com a meta”, avalia o Copom.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulava alta de 3,16% nos 12 meses finalizados em junho. O valor corresponde a quase metade da variação apurada somente para o setor de serviços (6,21%) no mesmo período.

Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a sequência de avanços do setor de serviços no Brasil reflete a demanda que ficou reprimida durante a pandemia do novo coronavírus. “As pessoas ainda topam pagar mais caro por shows, eventos e viagens para consumir serviços, algo que ficaram sem nos últimos anos”, ressalta.

De acordo com Cruz, o movimento atrapalha o ritmo de desaceleração da inflação, o que motiva a preocupação com o futuro da taxa básica de juros. “A retirada das pressões do setor de serviços é um pouco mais lenta, o que vai deixar o Banco Central um pouco mais reticente sobre acelerar o corte dos juros”, diz ele, que prevê uma retomada da discussão no fim deste ano.

Fonte: R7

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