Nesta sexta-feira (1º), o dólar comercial ultrapassou R$ 5,80, alcançando o maior valor nominal desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Durante o dia, a moeda norte-americana chegou à máxima de R$ 5,84, e às 11h34 era cotada a R$ 5,83, com uma alta de 0,77%. Esse é o maior valor registrado desde 15 de maio de 2020, quando, no auge da pandemia de covid-19, o dólar chegou a R$ 5,90.
A valorização do dólar reflete um cenário de incertezas fiscais no Brasil, uma vez que o governo Lula ainda não apresentou medidas concretas para conter os gastos públicos. A falta de um pacote fiscal vem elevando a volatilidade nos mercados financeiros. Em meio às especulações, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, minimizou a necessidade urgente de um anúncio, considerando algumas perguntas sobre o tema como uma “forçação boba”. Haddad viajará para a Europa na próxima segunda-feira (4 de novembro) e só retornará ao Brasil no dia 9, adiando qualquer anúncio sobre o pacote fiscal para depois de 11 de novembro.
Influências Internacionais e Cenário Econômico dos EUA
No cenário externo, o câmbio também é impactado pelos dados econômicos dos Estados Unidos. Em outubro, a criação de vagas de emprego registrou forte desaceleração, com apenas 12 mil novos postos, frente aos 223 mil de setembro. Esse resultado, abaixo das expectativas, tem aumentado as apostas de que o Federal Reserve (Fed) possa cortar as taxas de juros, influenciando o comportamento da moeda americana em relação a outras divisas.
Internamente, o setor industrial brasileiro também teve destaque, com uma alta de 1,1% em setembro, o maior crescimento para o mês nos últimos quatro anos. No entanto, apesar desse indicador positivo, as incertezas quanto à política fiscal do governo e possíveis mudanças nos juros dos EUA são fatores que mantêm o dólar pressionado no Brasil. O aumento do dólar traz impactos diretos sobre a economia brasileira, especialmente no custo de importações e no repasse de preços, o que pode pressionar a inflação nos próximos meses.