O dólar ultrapassou, nesta quinta-feira, 28 de novembro, a marca histórica de R$ 6,00 pela primeira vez desde a criação do Real, em 1994. A moeda norte-americana foi cotada a R$ 6,001 na venda às 11h23, uma alta de 1,51% em relação ao fechamento de ontem, que foi de R$ 5,91. A valorização do dólar reflete uma reação negativa do mercado ao pacote de medidas fiscais anunciado pelo governo federal.
O pacote foi revelado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e inclui, entre outras ações, a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil por mês. Essa medida, que tem como objetivo aliviar a carga tributária sobre a população de menor renda, também foi associada a um impacto significativo nas contas públicas.
A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco Nacional) estimou que a ampliação da faixa de isenção do IR poderia custar entre R$ 45 bilhões e R$ 50 bilhões por ano, afetando cerca de 30 milhões de contribuintes que passariam a ser isentos. Em resposta às críticas, Haddad afirmou que a medida não comprometerá as finanças do governo, pois será compensada por uma taxação adicional sobre as pessoas que ganham mais de R$ 50 mil mensais.
O ministro também destacou que a ampliação do limite de isenção do Imposto de Renda faz parte da segunda fase da reforma tributária, que visa reestruturar o sistema de tributos no Brasil, com ênfase na justiça fiscal.
Entretanto, o impacto dessa medida no câmbio, aliado a outras incertezas econômicas, contribuiu para a desvalorização do real, gerando preocupação nos mercados financeiros. A moeda brasileira, que já enfrentava volatilidade, viu-se ainda mais pressionada pela expectativa de custos elevados e desafios fiscais que o novo pacote poderia acarretar.