Sobrinho de um dos maiores pecuaristas do Brasil morreu ao mesmo tempo que seu tio, nas mesmas circunstâncias. Bené era pivô de uma suposta ‘fake news’ envolvendo o filho de Lula, Lulinha, e terras milionárias no Pará
O empresário que faleceu após cair de prédio em Itapema, no Litoral de Santa Catarina, morreu ao mesmo tempo em que seu tio também pulou de um prédio, no Pará. Márcio Mutran se apresentava como “mentor espiritual”, era autor de livros e tinha negócios em Santa Catarina. Tragédia ocorreu na sexta-feira, 1° de março de 2024.
Seu tio, por sua vez, foi um dos maiores empresários do Pará. Benedito Mutran Filho saltou da cobertura do prédio Diamond Tower. “Bené Mutran” como era conhecido, enfrentava sérios problemas financeiros. O pecuarista era bicampeão do Ranking Nacional dos Criadores de Nelore. Conhecido como “rei do gado do Pará”, chegou a ter quase 100 mil cabeças de gado.
Benê foi pivô de uma suposta “fake news” envolvendo o filho de Lula, ‘Lulinha’, quando Benedito decidiu vender, na década de 2000, suas fazendas para o grupo Opportunity, do empresário Daniel Dantas. O negócio milionário não saiu do papel conforme o planejado e Benê recebeu apenas 15% dos R$ 200 milhões.
Na região sul e sudeste daquele estado, segundo informações do Jornalista Olavo Dutra, do Pará, “reza a lenda que Daniel Dantas foi apenas testa de ferro de um filho do presidente Lula, o Lulinha, que virou figura carimbada naqueles municípios”.
Na reportagem do jornalista Olavo Dutra, ele também afirma que Bené precisaria vender até mesmo o apartamento onde morava (clique aqui para ler a íntegra da notícia).
“Pelo sim, pelo não, Bené levou um calote do tamanho da megalomania de Daniel Dantas, o homem que um dia sonhou controlar a telefonia brasileira, mas perdeu e, na porteira aberta por Bené Mutran, também empacou. Benedito Mutran Filho estava doente e depressivo e havia colocado à venda a cobertura do Diamond Tower em que morava”.
A fazenda alvo da polêmica é justamente a “Agropecuária Santa Bárbara Xinguara S.A”, que doou R$ 1,1 milhão para candidatos do PT, em 2014 (clique aqui para ler). Reportagem de 2008, do Estadão, revela que Dantas e o ex-marqueteiro de Lula, Duda Mendonça, foram vistos várias vezes juntos em latifúndios da região em companhia de Fábio Luiz da Silva, o Lulinha.
O Instituto de Terras do Pará (Iterpa), por ordem da governadora Ana Júlia Carepa, começou a fazer um levantamento para identificar o real montante de terras adquiridas no sul do Estado pela Agropecuária Santa Bárbara, do grupo do banqueiro Daniel Dantas, que hoje seria dono de 15 fazendas na região em 510 mil hectares, além de 450 mil cabeças de gado.
Dantas poderá perder tudo o que comprou se ficar comprovado que as terras eram públicas e não poderiam ser vendidas por quem sequer teria o título definitivo de posse.
O pecuarista Benedito Mutran Filho, que vendeu por R$ 85 milhões a fazenda Cedro, de 9 mil hectares, para a Agropecuária Santa Bárbara, será chamado ao Iterpa para explicar porque fez negócio com o banqueiro se não era proprietário do imóvel e tinha do Estado apenas a permissão para explorá-lo em regime de comodato. Mutran Filho não foi encontrado ontem em Belém para explicar a transação.
O procurador-geral do Estado, José Ibrahim Rocha, disse que as áreas de Dantas serão retomadas caso fiquem comprovadas irregularidades no processo de aquisição. “O Estado está agindo assim, em parceria com a União Federal, em Altamira, onde havia grilagem de terra”, resumiu Rocha. As terras compradas por Dantas são da melhor qualidade e valem o dinheiro desembolsado, segundo corretores paraenses. Além da fazenda Cedro, a Agropecuária Santa Bárbara comprou por R$ 144 milhões a fazenda São Roque e outra propriedade do pecuarista conhecido por Mazinho, em Redenção.
O madeireiro Antonio Lucena Barros, o Maranhense, também vendeu suas terras por R$ 210 milhões para o banqueiro. Mais oito fazendas na mesma região custaram R$ 100 milhões à Santa Bárbara. Um fazendeiro de Redenção conta que Dantas pretende ampliar cada vez mais seus negócios, comprando quantas fazendas forem necessárias para abrigar, até 2010, mais de 1 milhão de cabeças de gado. “Gosto de gente assim. Esse banqueiro é ousado no investimento. Ele compra o que aparece”, observa, revelando que Duda Mendonça, ex-marqueteiro do presidente Lula, também é outro próspero fazendeiro na região entre Redenção e Marabá. Duda e Dantas já foram vistos várias vezes juntos, em Redenção, em companhia de Fábio Luiz da Silva, o Lulinha, filho do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Pode ter sido apenas mera coincidência.
á em agosto de 2023, o Estadão publicou nova reportagem, afirmando que ‘Boato falso diz que Lulinha comprou a maior fazenda do mundo’. A notícia que o Estadão se refere é outra, que também circula nas redes sociais, afirmando categoricamente que Lulinha foi comprador da referida fazenda Agropecuária Santa Bárbara Xinguara S.A.
“Daniel Dantas foi considerado o “bad boy” do setor financeiro brasileiro por muito tempo. Perspicaz, agressivo e veterano de brigas judiciais, ele foi motivo de revolta nacional quando com uma aquisição da Brasil Telecom na década de 1990 e depois se desentendeu publicamente com seus sócios do Citigroup durante anos”, revela reportagem da Exame.
“Um boato falso e antigo envolvendo um dos filhos do ex-presidente Lula, Fábio Luís Lula da Silva, o “Lulinha”, ainda circula pelas redes sociais mesmo após ser desmentido seguidas vezes desde 2008. A mensagem afirma que o filho do petista comprou “a maior fazenda do mundo”, além de ser dono de várias outras no interior de São Paulo e no Pará”.
Em Nota a morte de Benedito Mutran pode ter ocorrido em decorrência de disputas judiciais envolvendo suas terras: “Um escritório de advocacia de Belém poderá ter contribuído para o falecimento do empresário Benedito Mutran, por ter perdido prazos em processos que o empresário tinha chances de sair vitorioso. Essa banca de advogados gosta mais de aparecer nas redes sociais do que cuidar dos seus clientes”, diz a nota.
Horas antes, em notícia também publicada pelo Roma News no Instagram, um familiar das vítimas se manifestou sobre a morte de Benê: “Meu primo foi muito perseguido! Homem muito trabalhador, profundo conhecedor da pecuária Nacional! Que Deus guarde sua Alma”
Fonte: JR