A hospitalização de um paciente em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pode gerar uma série de sentimentos para quem está internado e seus familiares. Nesse sentido, a assistência psicológica dentro dos hospitais contribui para reduzir os impactos emocionais causados pelo momento vivenciado pelas famílias e pacientes. A psicóloga do Hospital Baía Sul, Klara Zoz de Souza, nos explica melhor o que é a assistência à família e ao paciente.
“Quando um paciente precisa de cuidados hospitalares, ele pode estar fragilizado emocionalmente. Neste sentido, prestar assistência à família e ao paciente é considerar que ele tem uma história e um contexto de vida único. Os contextos devem ser compreendidos para que os cuidados considerem as singularidades de cada família. Compreender a família como parte do cuidado é extremamente importante, e faz com que os profissionais passem a direcionar os cuidados de forma mais humana e assertiva”, afirma a psicóloga.
No Hospital Baía Sul, por exemplo, as UTIs permitem a presença dos familiares na maior parte do tempo. De acordo com a psicóloga, a presença da família proporciona um sentimento de segurança emocional e diminuição significativa da ansiedade do paciente e familiares durante a hospitalização.
Ainda de que acordo com a profissional, a relação entre pacientes, familiares e equipe deve ser baseada no respeito à singularidade de cada um e na cooperação entre todos os envolvidos, para fornecer o melhor cuidado possível ao paciente internado.
Quais são as principais demandas emocionais de familiares e internados?
– Ansiedade e angústia diante da investigação diagnóstica ou confirmação de diagnóstico inesperado;
– Ansiedade em relação a procedimentos cirúrgicos;
– Pacientes que já possuem transtornos mentais e estão fragilizados emocionalmente em função da hospitalização e adoecimento;
– Elaboração emocional e adaptação às mudanças corporais causadas pelo adoecimento;
– Reorganização da família para acompanhamento em internações prolongadas;
– Elaboração emocional do adoecimento e preparação psicológica para a alta hospitalar;
– Tristeza e pesar de familiares em acompanhamento de pacientes em final de vida;
É possível promover a humanização no dia a dia dentro da UTI?
Segundo a psicóloga, humanizar o cuidado dentro da UTI é atuar para além do mecânico e técnico. “Siginifica olhar para as pessoas compreendendo que elas têm uma história, uma família, e que devem ser autônomas em suas decisões. Meu trabalho no hospital é feito através da compreensão das necessidades específicas de cada paciente e família, para que, dentro do possível, possa acolhê-los em suas demandas”, diz.
Todos os pacientes em UTI recebem esse suporte?
Pacientes e familiares que necessitem de suporte psicológico são identificados pela equipe multiprofissional (médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, fonoaudiólogas, nutricionistas, fisioterapeutas e dentistas), que sinalizam ao psicólogo a necessidade de avaliação psicológica. “Através desta avaliação, identificamos as necessidades específicas de cada caso, elaboramos um plano terapêutico e, caso necessário, o paciente e seus familiares passam a ser acompanhados durante a internação”, informa Klara.
O acompanhamento psicológico aos familiares e pacientes pode auxiliar em quais questões?
– Identificação das angústias e preocupações do paciente e família;
– Melhor compreensão do contexto do paciente, para direcionamento de um cuidado mais assertivo às suas necessidades;
– Auxílio na elaboração emocional de diagnósticos complexos ou inesperados;
– Ajuste de expectativas em relação ao diagnóstico, prognóstico, hospitalização e tratamento;
– Diminuição de sintomas de ansiedade e de reações emocionais de angústia;
– Suporte emocional aos familiares durante a despedida de pacientes em processo de final de vida.
Fonte: SCC10