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Epagri instala mais um equipamento para medir impacto do calor extremo na produção de leite

Globo negro abriga um termômetro, para indicar os efeitos combinados da energia radiante, temperatura e velocidade do ar – Foto: Divulgação / Epagri

A Epagri/Ciram instalou em Itapiranga mais uma estação agrometeorológica do projeto “Efeito do estresse térmico por calor em vacas leiteiras”. É a primeira pertencente a sua rede de monitoramento que transmite dados via internet. De forma geral, a transmissão das variáveis ambientais medidas pelas estações – como temperatura, precipitação, vento, entre outras – é feita via sinal de celular. A transmissão via internet é mais barata e permite a comunicação nas duas vias, ou seja, entre o equipamento e o banco de dados e vice-versa. 

Além de ser a primeira a transmitir via internet, a estação agrometeorológica de Itapiranga é a quarta em Santa Catarina a contar com um globo negro. Os equipamentos foram instalados no âmbito do projeto “Efeito do estresse térmico por calor em vacas leiteiras”, que se propõe a mensurar o impacto do calor extremo na produção de leite. Para tanto, utiliza globos negros, que são esferas ocas, pintadas externamente com duas camadas de tinta preta fosca, para maximizar a absorção de radiação solar. 

Quatro globos negros

Cada um dos quatro globos negros instalados em Santa Catarina têm em seu interior um  termômetro. Gerson Conceição, pesquisador da Epagri/Ciram e líder do projeto, explica que o termômetro de globo negro usa o valor lido de temperatura para indicar os efeitos combinados da energia radiante, temperatura e velocidade do ar, três fatores importantes que afetam o conforto térmico. “Esta variável será utilizada inicialmente para avaliar a temperatura radiante direta, com a finalidade de determinar o risco de estresse térmico no gado leiteiro do Estado”, contextualiza. 

A estação agrometeorológica de Itapiranga foi instalada na propriedade leiteira Hauser´s Hof, na linha Becker, e entrou em operação no dia 7 de setembro. Itapiranga apresenta as maiores amplitudes térmicas no estado e fica na região Oeste, que responde por cerca de 75% da produção de leite de Santa Catarina. Além de itapiranga, estações agrometeorológicas instaladas em Orleans, Florianópolis e Xanxerê contam com globos negros.    

Risco de queda na produção de leite

Segundo o pesquisador, o calor gera estresse e aumento da temperatura corporal na vaca. Esses dois fatores diminuem o desempenho reprodutivo e, por consequência, a rentabilidade. Quando submetidos à alta temperatura, os bovinos tentam liberar calor através do aumento da respiração, o que é chamado de resfriamento evaporativo. “A frequência respiratória aumenta muito acima da faixa fisiológica normal, levando ao risco de alcalose respiratória, o que pode resultar em maior suscetibilidade a doenças”, pontua Gerson.

Para reduzir o calor do próprio corpo, a vaca come menos e isso reduz a produção de leite. O animal também bebe cerca de 1 quilo a mais de água para cada aumento de um grau na temperatura. Ainda ocorrem outras mudanças de comportamento no gado: eles buscam locais mais confortáveis, com tempos de repouso reduzidos, pois ao deitar ocorre uma redução na área de superfície corporal disponível para dissipação de calor. Tudo isso influencia na produtividade de leite e, por consequência, na rentabilidade do agricultor.

Rede de monitoramento

As quatro estações agroemeteorológicas com globo negro do projeto fazem parte da rede de monitoramento ambiental gerenciada pela Epagri/Ciram. Atualmente, o Estado conta com uma média de 320 pontos monitorados por estações agro-hidrometeorológicas. 

A maior parte das estações mede as variáveis ambientais a cada 15 minutos. Estes dados são enviados a cada hora para o banco digital da Epagri/Ciram, em Florianópolis. Lá eles são validados e publicados no Agroconnect e em outros produtos do site da Epagri/Ciram. Tudo é feito de forma automática, sem a intervenção humana. A cada dia, o banco de dados da Epagri recebe, em média, 88 mil novos registros. 

Os dados gerados pela rede de monitoramento ambiental balizam pesquisas realizadas por profissionais da Epagri e de outras instituições. Também servem para emissão de alertas sobre favorabilidade de ocorrência de doenças nas principais culturas agrícolas catarinense. Ainda apóiam ações relacionadas ao monitoramento e previsão do tempo em Santa Catarina, entre outros fins. 

Por: Gisele Dias, jornalista da Epagri
giseledias@epagri.sc.gov.br 

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