Lenda do boxe brasileiro, José Adilson Rodrigues dos Santos, conhecido como Maguila, morreu aos 66 anos nesta quinta-feira (24), em São Paulo (SP). O ex-atleta sofria de encefalopatia traumática crônica, também conhecida como demência pugilística, diagnosticada em 2013.
Segundo informações do ge, a notícia da morte de Maguila foi confirmada pela sua esposa, Irani Pinheiro, em entrevista ao canal de TV Record.
Um dos principais nomes do boxe no Brasil, Maguila lutou por 17 anos e acumulou 85 lutas com 77 vitórias (61 por nocaute), sete derrotas e um empate técnico. Entre elas, as mais emblemáticas foram contra Evander Holyfield e George Foreman.
Nascido em 11 de julho de 1958, em Aracaju, o interesse pelo boxe nasceu ainda na sua cidade natal, especialmente, ao assistir às lutas de Éder Jofre e de Muhammad Ali. Anos depois, se tornou campeão peso-pesado, mesma categoria de Ali.
A demência pugilística
Em 2013, foi diagnosticado com encefalopatia traumática crônica, também conhecida como demência pugilística. Trata-se de uma doença neurodegenerativa e irreversível, causada por golpes na cabeça. Além de Maguila, a condição acometeu outros grandes nomes do esporte, como o também pugilista e campeão mundial Éder Jofre e o zagueiro Bellini, campeão da Copa do Mundo de 1958 com o Brasil.
De início, os sintomas pareciam esquecimentos normais de carteiras, chaves. Até que as situações se tornaram mais graves e perigosas, como quando o ex-lutador saía de casa e ficava perdido, desorientado. Uma agressividade inesperada foi surgindo, e sua esposa, Irani Pinheiro, buscou ajuda dos especialistas.
O primeiro diagnóstico veio em 2010: Mal de Alzheimer, doença progressiva que destrói funções cerebrais. Mas tudo começou a fazer mais sentido três anos mais tarde, depois do segundo diagnóstico: demência pugilística.
“Ele vem sofrendo há 18 anos, nessa luta com ele tentando dar uma qualidade de vida melhor. A gente sempre cuidou do Maguila com muito carinho. Agradeço a todos os brasileiros que torceram. A doença é complicada, a gente tentou fazer o melhor. Eu casei em 1989 com o Maguila, aos 18 anos; hoje eu tenho 58 (anos), 40 anos de casada. A gente teve momentos bons e ruins, mas Deus sempre esteve conosco”, comentou Irani.
Após consentimento da família, o ex-boxeador concordou, em 2018, em doar o cérebro para pesquisa após sua morte. Será um movimento semelhante ao feito pela família de Bellini.
O órgão será objeto de estudo na Universidade de São Paulo. Uma equipe da instituição analisa as consequências de impactos repetidos na cabeça nos esportes, como futebol, boxe e rúgbi, entre outros. O aprofundamento é tido como fundamental para desenvolver medidas de prevenção.
NSC/GE.GLOBO