Durante a alta temporada de verão 2024/2025, Florianópolis estima receber mais de 2 milhões de turistas, número que ultrapassa a população da cidade, estimada em cerca de 500 mil habitantes. Esse crescimento sazonal provoca um aumento no consumo de água, produção de resíduos e congestionamento, além de pressionar os ecossistemas naturais.
Segundo dados da Comcap, a coleta de lixo na cidade aumenta em cerca de 40% nos meses de verão. Isso afeta diretamente as praias e áreas verdes, já que uma parte significativa do lixo não é descartada adequadamente. Além disso, a superlotação pode prejudicar os manguezais, restingas e dunas, ecossistemas fundamentais para a preservação da costa.
O professor e pesquisador em botânica, Paulo Horta, alerta que a maior preocupação é na gestão de resíduos durante a alta temporada, momento do ano em que, segundo o pesquisador, não ocorre uma devida separação desses componentes.
— Hoje o que acontece é inconcebível, o vidro junto com papel, junto com plástico é prensado nos caminhões e chega nas cooperativas, na maior parte das vezes isso tudo misturado, vidro quebrado. Um risco gigantesco para aqueles que estão fazendo o processo de reciclagem de fato — alerta o professor.
Mudanças na coleta em praias
A Prefeitura de Florianópolis (PMF) divulgou para a alta temporada uma mudança nas áreas de coleta das praias de alto fluxo, nas regiões Norte e Sul. Ela irá retirar as caixas estacionárias das áreas próximas à orla. Em substituição, haverá uma rotina de coleta via caminhões compactadores.
Com a alteração, espera-se a diminuição do impacto visual, evitar eventuais vazamentos ou acúmulo de resíduos nessas áreas, e uma maior agilidade no recolhimento destes resíduos.
O pesquisador ainda afirma que, ações para preservação dos ambientes na Ilha devem ser feitas em conjunto dos órgãos públicos, moradores e visitantes. Para assim não ocorrer acúmulo de rejeitos e aumento da poluição nos lugares mais visitados na capital catarinense.
— A gente vai precisar de uma estrutura que seja resistente e resiliente em toda a ilha, especialmente nas áreas de maior visitação, relacionada à coleta que de fato permita a reciclagem. Então nós temos a necessidade de implementarmos na gestão do município, elementos da prática cotidiana que estimulem, não só por nós moradores, mas por parte dos visitantes, a adoção dos 5Rs [Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar]— ressalta Paulo Horta.
Prefeitura se prepara para o alto fluxo de visitantes
A PMF tem se preparado para receber os turistas sem impactar de forma negativa o meio ambiente. Em Canasvieiras, no Norte da Ilha, no Rio do Brás, um local historicamente poluído, será realizada uma grande obra de revitalização e desassoreamento. As margens vão ganhar decks de contemplação e área de lazer. No leito, além da retirada dos sedimentos acumulados, serão instalados equipamentos para melhorar a oxigenação da água.
Ainda no Norte, na Lagoa das Docas, em Ponta das Canas, está em curso um estudo para recuperação ambiental do corpo hídrico. Em toda a cidade, já iniciaram as medições das condições de balneabilidade pelo IMA, que neste ano será mais frequente em 26 pontos da Capital, permitindo um acompanhamento mais adequado das necessidades do mar.
Como os turistas podem ajudar?
Algumas ações devem ser tomadas pelos visitantes durante o verão, para assim preservar a ilha durante o alto fluxo de turistas.
- Reduzir o uso de plásticos: Evite usar copos, talheres e canudos descartáveis, optando por alternativas reutilizáveis.
- Respeitar a fauna e a flora: Não alimente os animais silvestres nem remova plantas ou conchas das praias.
- Levar o lixo embora: Caso não encontre lixeiras nas praias, guarde os resíduos até encontrar um local apropriado.
- Escolher opções sustentáveis: Prefira hospedagens e passeios que valorizem práticas ambientais.
NSC