O exército de Israel afirmou ter confirmado que o chefe militar do Hamas, Mohammed Deif, foi morto em um ataque aéreo na Faixa de Gaza em julho.
Deif foi alvo do ataque a um complexo na área de Khan Younis em 13 de julho.
O Hamas ainda não confirmou sua morte.
Israel alega que Deif foi uma das figuras responsáveis pelo planejamento dos ataques de 7 de outubro no sul de Israel, nos quais 1.200 pessoas foram mortas.
O anúncio de Israel ocorre após o assassinato do líder político do Hamas, Ismael Haniyeh, em Teerã, e do comandante sênior do Hezbollah, Fuad Shukr, morto em um ataque aéreo israelense na capital libanesa, Beirute.
Um comunicado do exército israelense afirmou que, “após uma avaliação de inteligência, pode-se confirmar que Mohammed Deif foi eliminado” no ataque de 13 de julho.
Na época, o Ministério de Saúde, comandado pelo Hamas em Gaza, afirmou que o ataque aéreo matou mais de 90 pessoas, mas negou que Deif estivesse entre os mortos.
Deif, que na verdade se chamava Mohammed Diab Al-Masry, liderava as Brigadas Al-Qassam, o braço militar do movimento Hamas, e estava entre os homens mais procurados por Israel há décadas.
Deif nasceu no campo de refugiados de Khan Yunis em 1965. Ele foi criado em uma família muito pobre e trabalhou ao lado do pai com fiação e estofamento, montou uma granja avícola e trabalhou como motorista.
Deif significa “visitante” ou “convidado”, em referência a seu estilo de vida, pois se acredita que ele se desloca de um lugar para outro para evitar a vigilância israelense.
Formado em Ciências pela Universidade Islâmica de Gaza, onde estudou Física, Química e Biologia, ele foi chefe do comitê de entretenimento da universidade e atuou no palco em comédias.
Durante seus anos de universidade, Deif juntou-se ao grupo da Irmandade Muçulmana.
E quando o Hamas começou, em 1987 – após a primeira Intifada palestina –, ele se juntou à organização.
Deif foi preso pelas autoridades israelenses em 1989 e passou 16 meses na prisão, acusado de trabalhar para o braço militar do Hamas.
Ele foi um dos co-fundadores da ala militar do grupo, as Brigadas al-Qassam, e também supervisionou a fundação de uma filial das Brigadas Qassam na Cisjordânia.
Em 2002, Deif tornou-se chefe das Brigadas Qassam, após o assassinato de seu antecessor, Salah Shehadeh, num ataque israelense.
Em 2015, Deif foi colocado na lista de terroristas internacionais dos EUA. E em dezembro de 2023, à lista da União Europeia.
Deif foi acusado de planejar e coordenar atentados a bomba contra ônibus que mataram dezenas de israelenses em 1996, e de envolvimento na captura e morte de três soldados israelenses em meados da década de 1990.
Acredita-se que Deif tenha planejado os ataques do Hamas em 7 de outubro juntamente com Yahya Sinwar – o líder político do Hamas em Gaza.
E que ele tenha desempenhado um papel fundamental na arma mais proeminente do Hamas: o foguete Qassam, assim como no desenvolvimento da rede de túneis sob Gaza.
Também especula-se que Deif tenha passado a maior parte do tempo nesses túneis, escondendo-se do exército israelense e coordenando os ataques do Hamas.
Ele era uma figura sombria conhecida pelos palestinos como “O Cérebro” e pelos israelenses como “O Gato com Nove Vidas”.
Desde 2001, Deif havia conseguido sobreviver a sete tentativas de assassinato.
A mais grave foi em 2002. Ele sobreviveu, mas perdeu um dos olhos. Israel diz que ele também perdeu um pé e uma mão e ficou com dificuldade para falar.
Em 2014, as forças de segurança israelenses mais uma vez não conseguiram assassinar Deif durante um ataque à Faixa de Gaza, mas mataram sua esposa e dois de seus filhos.