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No Brasil Dólar inverte sinal e começa a cair

O dólar registrou queda nesta quarta-feira (6), recuando para menos de R$ 5,70 após uma forte alta no início do dia. A valorização da moeda americana tinha sido impulsionada pela vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, o que provocou um aumento expressivo nos juros futuros americanos. Entretanto, o movimento perdeu força ao longo da manhã, refletindo ajustes no mercado.

O impacto da vitória de Trump nas urnas já era esperado pelo mercado, com muitos investidores antecipando que sua política econômica protecionista poderia gerar pressões inflacionárias nos EUA. A expectativa de taxas de juros mais altas por um período prolongado, impulsionadas pela possível redução nas importações e aumento nas tarifas, tem atraído investidores para os ativos mais seguros, como as Treasuries, os títulos públicos americanos. Isso ajudou a impulsionar o dólar frente a outras moedas.

Durante a manhã, o índice DXY — que mede a variação do dólar em relação a outras moedas importantes como o euro e a libra esterlina — subiu cerca de 1,5%. Porém, o efeito de curto prazo foi mais moderado, e o dólar comercial no Brasil passou a recuar após atingir R$ 5,86 no início do dia, sendo negociado a R$ 5,70 por volta das 14h.

Além do cenário internacional, a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil também tem influência sobre o movimento do dólar. O mercado aguarda uma possível elevação de 0,50 ponto percentual na Selic, atualmente em 10,75% ao ano. Se confirmada, a alta da taxa de juros no Brasil pode tornar os ativos do país mais atrativos para os investidores, o que ajudaria a conter a pressão sobre o real e tornar o Brasil uma opção mais rentável, em comparação com outros mercados.

O protecionismo defendido por Trump também coloca um foco na balança comercial global. O aumento das tarifas de importação pode afetar diretamente a economia de países exportadores, como o Brasil, ao diminuir a demanda por produtos nacionais no mercado internacional. Isso poderia reduzir a reserva de dólares no país e pressionar ainda mais a inflação. Especialistas alertam que, com o protecionismo de Trump, a relação comercial entre os EUA e países emergentes pode ser afetada, aumentando o risco de sanções indiretas.

“Se Trump continuar a apertar as relações comerciais com a China, isso pode resultar em uma redução nas exportações brasileiras, o que terá impacto na nossa balança comercial e pressão sobre o real”, explica Welber Barral, consultor especializado em comércio internacional.

Outro reflexo da vitória de Trump foi o aumento do interesse por criptomoedas, como o Bitcoin, que atingiu recordes históricos nesta quarta-feira. A moeda digital valorizou mais de 7%, sendo negociada a cerca de US$ 74 mil, enquanto no Brasil, a criptomoeda ultrapassou R$ 443 mil, impulsionada pelo otimismo com um possível apoio do presidente eleito ao setor de criptomoedas.

A volatilidade nos mercados financeiros continua em alta, com o dólar enfrentando ajustes após a vitória de Trump e o mercado de juros nos EUA em ebulição. No Brasil, a decisão do Copom sobre os juros domésticos e as perspectivas econômicas internacionais são pontos de atenção que podem moldar o comportamento do câmbio nas próximas semanas. Para o real, o risco de uma política fiscal mais frouxa no Brasil, somada aos efeitos do protecionismo global, mantém o mercado atento e cauteloso.

Às 14h de hoje, o dólar operava em queda de 0,79%, cotado a R$ 5,7012, após atingir a máxima de R$ 5,8619 no início do dia.

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