Um ataque de foguete que Israel atribui ao grupo libanês Hezbollah — que matou 12 pessoas, entre adultos e crianças, nas Colinas de Golã, território ocupado por Israel — aumentou as tensões e os temores de uma guerra aberta entre os dois lados.
Este foi o incidente com maior número de mortes na fronteira norte de Israel nos últimos nove meses, período em que houve troca de tiros quase que diária entre Israel e o Hezbollah.
O que é o Hezbollah?
O Hezbollah é uma organização muçulmana xiita com grande influência política e maior poderio armado dentro do Líbano.
O grupo foi estabelecido no começo dos anos 1980 pela potência regional xiita mais forte da região, o Irã, com o objetivo de fazer oposição a Israel. Na época, as forças israelenses haviam ocupado o sul do Líbano durante a guerra civil do país.
O Hezbollah participa de eleições nacionais desde 1992 e se tornou uma das grandes forças políticas do país.
Seu braço armado realizou diversos ataques mortais contra forças israelenses e americanas no Líbano. Quando Israel deixou o Líbano em 2000, o Hezbollah reivindicou para si a responsabilidade.
Desde então, o Hezbollah vem mantendo milhares de combatentes e um grande arsenal de mísseis no sul do Líbano. O grupo segue combatendo a presença de Israel em zonas de fronteiras contestadas.
Países ocidentais, Israel, países do Golfo e da Liga Árabe classificam o Hezbollah como uma organização terrorista.
Em 2006, Hezbollah e Israel entraram abertamente em guerra, depois que o grupo realizou um ataque com mortes do outro lado da sua fronteira.
Tropas israelenses invadiram o sul do Líbano para tentar eliminar a ameaça do Hezbollah. No entanto, o grupo sobreviveu e desde então aumentou o número de combatentes e modernizou seu arsenal.
Quem é o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah?
Sheikh Hassan Nasrallah é um clérigo xiita que lidera o Hezbollah desde 1992. Ele teve papel fundamental em transformar o grupo em uma força política e militar.
Ele possui laços estreitos com o Irã e seu líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei.
A relação começou em 1981, quando o primeiro líder supremo do Irã, o aiatolá Ruhollah Khomeini, o indicou como seu representante pessoal no Líbano.
Nasrallah não aparece em público há anos, supostamente por temor de ser assassinado por Israel.
Mas ele segue sendo reverenciado pelo Hezbollah, e profere discursos na televisão todas as semanas.
Quão poderosas são as forças do Hezbollah?
O Hezbollah é um dos grupos militarizados não-estatais mais armados do mundo. Ele é fundado e financiado pelo Irã.
Nasrallah diz possuir 100 mil combatentes, mas avaliações independentes estimam que o número verdadeiro varia entre 20 mil e 50 mil.
Muitos são combatentes bem-treinados e com experiência de lutar na guerra civil da Síria.
Estima-se que o Hezbollah tenha algo entre 120 mil e 200 mil foguetes e mísseis, de acordo com a organização Center for Strategic and International Studies.
A maior parte do arsenal é composta por foguetes de artilharia pequenos, não-guiados e de superfície.
Acredita-se que o grupo possui mísseis anti-aviões e antinavios, além de mísseis capazes de atacar no interior do Israel, longe da fronteira.
Esse arsenal é muito mais sofisticado do que o que o Hamas possuiria na Faixa de Gaza.
O Hezbollah pode entrar em guerra com Israel?
Combates esporádicos foram registrados no dia 8 de outubro — um dia após o ataque sem precedentes do Hamas contra Israel — quando o Hezbollah disparou contra posições israelenses em solidariedade com os palestinos.
Desde então, o grupo disparou foguetes contra o norte de Israel e posições israelenses nas Colinas de Golã, disparou mísseis antitanque contra veículos blindados e atacou alvos militares com drones explosivos.
As Forças de Defesa de Israel retaliaram com ataques aéreos, e fogo de artilharia e tanques contra posições do Hezbollah no Líbano.
A ONU afirma que os ataques obrigaram mais de 90 mil pessoas no Líbano a deixarem suas casas, com cerca de 100 civis e 366 combatentes do Hezbollah mortos em ataques de Israel.
Em Israel, 60 mil civis tiveram de abandonar suas casas e 33 pessoas foram mortas, incluindo dez civis, por causa dos ataques do Hezbollah.