O excesso de chuva em Santa Catarina tem preocupado os produtores de soja. A incidência da ferrugem asiática começa a bater à porta, trazendo ameaças à produtividade.
Na propriedade do Sidinei Paulo Woichikoski, em Canoinhas, norte do estado, o excesso de precipitação ocasionou o replantio e com o aparecimento do primeiro foco da pior doença da cultura, a vigilância na lavoura está redobrada.
“Este ano a gente já está com o olho biônico em cima, cuidando mais, fazendo vistorias mais frequentes na lavoura. O atraso no plantio vai fazendo com que a gente vá ficando cada dia mais preocupado porque você vai entrando com os materiais bem no ‘forte’ da época em que a ferrugem vai atingir a lavoura. A probabilidade de ter casos na soja mais nova é bastante grande. Já estamos entrando com fungicida preventivo, usando protetor junto para dar uma performance melhor no produto e, com isso, fazer uma proteção mais ampla. O que está acontecendo é que o produtor está tendo que desembolsar mais para levar a lavoura com maior segurança”.
Variedades mais tardias
A região do Planalto Norte catarinense representa 25% da produção da soja no estado. A área de 160 mil hectares concentra produtividade média de 68 sacas por hectare.
Por lá, a janela de plantio da chamada safra das águas, iniciada no dia 1º de outubro, se estende até 15 de dezembro na região, com as variedades mais tardias. Com o grande volume de semeadura concentrado no mês de outubro, os efeitos das chuvas já começam a aparecer.
“Então isso já começa a afetar um pouquinho da nossa produtividade. O material que era para ser colocado no solo em outubro, teve que ser plantado agora em novembro. Então o produtor espera o máximo que pode e a hora que dá uma abertura de sol, ele entra fazendo essas aplicações de defensivos preventivos. Mas sem dúvida nenhuma já estamos preocupados com essa questão da ferrugem”, conta o gerente regional da Epagri do Planalto Norte, Getúlio Tonet.
Cortes na produção de soja
A previsão inicial de produção de soja para Santa Catarina para esta safra era de 2,9 milhões de toneladas. Dois meses após o início do grande volume de chuvas, a estimativa foi reduzida para 2,7 milhões. Agora, com o atraso no plantio comprometendo a saúde das plantas, o cenário fica ainda mais desafiador.
O analista da Epagri Cepa, Haroldo Tavares Elias, conta que na safra 22/23, o plantio já estava finalizado neste período. “Muitos produtores já estão preocupados. Mesmo em plantio direto a gente vê alguns sinais de erosão. A produção que colhemos fica quase toda no estado porque o farelo é um componente importante na composição das rações”.
Presença de ferrugem
Santa Catarina conta com uma rede de monitoramento do uredosporo, que é a massa de reprodução do fungo causador da ferrugem asiática. Os coletores já identificaram a presença dessa estrutura em 10 dos 24 municípios examinados. Dois focos da doença já foram detectados: um em Campo Erê e outro em Canoinhas.
“É recomendado, principalmente neste ano, onde a condição ambiental está muito favorável, fazer o controle preventivo. Temos a previsão de que a pressão [da ferrugem] vai ser muito forte, então o agricultor tem que estar atento”, afirma o engenheiro agrônomo da Epagri, Eduardo Briese Neujahr.
Fonte: Canal Rural.