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SC adota processo “quase industrial” para garantir segurança na doação de órgãos

Em um processo que pode levar de dois a três dias, em média, Santa Catarina garante que a doação de órgãos no Estado não tenha incidentes, como o registrado recentemente no Rio de Janeiro, onde pacientes receberam órgãos infectados com o vírus HIV.

Joel de Andrade, coordenador da Central Estadual de Transplantes de Santa Catarina, a SC Transplantes, considera os procedimentos feitos no Estado quase “industriais”. São três camadas de prevenção, para garantir que a doação ocorra sem incidentes.

— É lindo de ver, é um processo muito seguro — diz Andrade. Segundo ele, a SC Transplantes nunca registrou casos de infecções por doenças após as doações.

Toda a testagem do sangue do possível doador é feita pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc), em Florianópolis, não importa de onde seja o doador. Antes da testagem, no entanto, o sangue do possível doador é coletado e enviado ao Hemosc. Esta amostra fica com o centro até a família decidir sobre a doação de órgãos. Se sim, iniciam as próximas etapas. Se não, a amostra é descartada.

Antes mesmo da coleta, no entanto, os hospitais fazem um levantamento prévio do paciente: hábitos e possíveis doenças, por exemplo. Estas informações são repassadas à Central de Regulação, e depois são avaliadas por um médico. Após isso, a família é entrevistada.

Depois da análise dos dados preliminares, a coleta de amostras de sangue é feita para a testagem do Hemosc. O centro testa a amostra para doenças como HIV e outras que podem ser transmitidas ao paciente que receberá o órgão.

Mesmo que os testes deem negativo para estas doenças, novas informações podem interromper todo o processo de doação. O coordenador da SC Transplantes relembra um caso em que, no meio do processo, as equipes médicas foram informadas que a esposa do possível doador era portadora de HIV. Para evitar uma possível transmissão, a doação não continuou.

Com a doação autorizada pela família e as testagens necessárias feitas, aí sim o paciente vai para a cirurgia, onde os órgãos são retirados para doação. Todo o processo, da identificação do possível doador até a retirada, pode durar, em média, de dois a três dias, mas Andrade reforça que, em hospitais mais afastados da Capital, as etapas podem levar mais tempo em função da logística.

Doação de órgãos em SC

Só em agosto deste ano, a lista de espera por um órgão em Santa Catarina era de 1.413 pacientes. A espera não é linear, ou seja, quem está há mais tempo na lista não tem, necessariamente, prioridade. Isso porque cada caso é avaliado separadamente, com critérios de urgência.

De janeiro a agosto de 2024, Santa Catarina teve 216 doações efetivadas. De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o Estado possui a segunda maior taxa de doação do país, com 40,7 doações por milhão de população (pmp). O estado do Paraná é o que tem a maior taxa no momento.

A taxa de não-autorização das famílias em Santa Catarina também é uma das menores, com 35%, enquanto a média nacional é de 45%.

Para ser doador de órgãos, é preciso comunicar a família, já que a doação só acontece com autorização familiar. Não é necessário deixar documentos escritos.

 

NSC

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