O brasileiro já pode preparar o bolso para os impactos das mudanças climáticas e da maior seca da história recente do Brasil. Alimentos importantes que compõem o cardápio brasileiro, como as frutas, principalmente as cítricas, e as carnes, como o contrafilé, além do café moído já estão com preços em alta desde setembro, conforme dados de inflação divulgados nesta quarta-feira (9), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As informações são do g1.
A pesquisadora de inflação de alimentos do IBGE, Denise Ferreira Cordovil, explica que, no grupo das frutas, a maior alta foi no preço dos cítricos, como o limão, que disparou 30,4% em setembro em relação a agosto, e a laranja-pera, que aumentou 10% no mesmo período.
Aquele tradicional cafezinho também está mais cado. O preço do café moído, que está em alta desde janeiro, subiu mais 4% em setembro em relação a agosto.
E as carnes não escaparam da escalada de preços, com um avanço médio de 2,97% — o maior desde dezembro de 2020, quando subiram 3,58%. Conforme o gerente da pesquisa de inflação do IBGE, André Almeida, questões climáticas, ausência de chuvas, clima mais seco, forte estiagem (que afetam a pastagem) contribuíram para essa alta das carnes no mês de setembro.
Preço do limão explodiu
Com um alta de 30,4%, a justificativa para a explosão no preço do limão é a falta de chuvas e a maior procura pela fruta durante as ondas de calor.
Segundo nota da HF Brasil, centro de pesquisa de frutas e hortaliças do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), a quantidade de limão disponível no campo caiu expressivamente no início de setembro por causa da falta de chuvas, ao mesmo tempo em que as ondas de calor em São Paulo impulsionaram uma maior procura pela fruta.
A seca também impactou a qualidade do limão, gerando cancelamento de algumas exportações, por não atender aos padrões exigidos pelo mercado internacional.
Laranja-pera tem alta demanda e menos qualidade
A laranja-pera acumula uma alta no último mês de 10% nos preços, que já vêm subindo desde o final de 2023, e a situação não deve melhorar no curto prazo. Além da seca, as safras são prejudicadas pelas altas temperaturas e pela incidência da doença “greening”, que reduz a qualidade e produtividade da fruta.
Além disso, a demanda da indústria e do varejo pela fruta está elevada, fazendo com que compradores das regiões de São Paulo e do Triângulo Mineiro – principais regiões produtoras – começassem a buscar os estados da Bahia e de Pernambuco para abastecer o mercado.
Preço das carnes está ligado às pastagens
O aumento de 2,97% nos preços das carnes está relacionado ao clima seco e à ausência de chuvas, o que prejudica a qualidade das pastagens, segundo a analista do IBGE, Denise Cordovil. Com menos vegetação nos pastos, os animais demoram mais para engordar.
“Em setembro, tivemos alta de quase 3% das carnes, influenciada pela estiagem, que reduziu a qualidade das pastagens”, afirmou.
Além da seca, as queimadas em setembro também prejudicaram os pastos. O contrafilé subiu 3,79%, enquanto a alcatra avançou 3,02% e o filé-mignon, 2,47%. Dos 18 tipos de carnes cujos preços são acompanhados pelo IBGE, apenas duas tiveram redução de preços (carne de carneiro e capa de filé).
Cafezinho em escalada
Em agosto, o quilo do café torrado e moído, no varejo, chegou ao preço médio de R$ 39,63, o mais alto já registrado pela série histórica da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), iniciada em 1997. No mês, a alta já chega a 4%. O valor não leva em conta a variação da inflação no período.
Uma das justificativas para o aumento de preço no Brasil está justamente em problemas climáticos que afetam as lavouras há três anos, reduzindo a colheita.
Em 2021, geadas causaram danos a muitas plantações. A seca também apareceu, trazendo o calor, que voltou a impactar as plantações a partir do ano passado.
Redação DC – NSC